Animados pelo desfecho
das 40 horas
Sectores
têxteis vão exigir
salários justos e «europeus»
Nas propostas de revisão dos contratos de 1999, a Fesete/CGTP procura que se faça «alguma justiça aos trabalhadores que tanto trabalham e tão mal pagos são», salientando que em Portugal se praticam salários muito inferiores e horários muito superiores às médias da UE.
A federação
divulgou na semana passada, após um plenário geral de
sindicatos, as tabelas salariais que vai colocar à discussão
dos trabalhadores e que deverão ser apresentadas ainda em
Outubro às associações patronais de quatro sectores.
Em todas as propostas, os valores dos salários são apontados em
escudos e em euros, o que, para a Fesete, deverá auxiliar os
trabalhadores na comparação de preços de produtos e bens, bem
como de salários praticados noutros países.
A federação e os sindicatos consideram que «depois da
negociação das 40 horas, chegou a altura para a negociação de
salários mais justos e mais europeus».
Em todas as propostas, a Fesete propõe que se exija um período
de férias de 25 dias úteis (5 semanas) e avança com um aumento
mínimo de 5500 escudos para qualquer trabalhador. Mesmo assim,
as tabelas salariais propostas para 1999 não ultrapassam, nos
grupos de topo, os 130500 escudos (Grupo A da cordoaria e redes),
ficando-se o máximo da chapelaria por apenas 100900 escudos. É
neste sector que se praticam os salários mais baixos,
verificando-se que a proposta para o grupo inferior se limita a
pouco mais de 58 contos. O salário mínimo mais elevado é
proposto para a cordoaria e redes (72900 escudos).
Nos têxteis, malhas, têxteis-lar, lanifícios e tapeçaria, a
federação recorda o «justo descontentamento» dos
trabalhadores face à actualização salarial verificada em 1998,
como mais um factor a justificar melhor resultado no próximo
ano. Propõe que se inicie a negociação da redução dos
horários para 35 horas, com efeitos a partir de Janeiro do ano
2000 e tendo em consideração que os operários do 3º turno
«mantêm há mais de 20 anos as 40 horas».
«É injusto que em Portugal continuemos a ter salários duas a
seis vezes menos e sempre com o maior horário de trabalho»,
protesta a Fesete, no comunicado distribuído ao pessoal da
chapelaria, onde é proposta a semana de 35 horas como horizonte
a atingir no ano 2004, com redução de uma hora em cada ano, a
partir de Julho próximo (prazo que é alargado em mais um ano
para o sector da cordoaria e redes).
A federação e os sindicatos decidiram ainda realizar uma campanha de esclarecimento sobre a nova legislação laboral, apelando à luta em todo o ramo de actividade. Nos comunicados sobre as tabelas salariais é já lançado o alerta, salientando que «o actual Governo não pára na sua ofensiva contra os direitos contratuais dos actuais e futuros trabalhadores».