Propostas do PCP sobre a Função Pública
Por
maior equilíbrio e justiça
A Assembleia
da República apreciou um conjunto de quatro diplomas
relacionados com a Administração Pública considerado de grande
importância para os trabalhadores, designadamente no plano das
suas carreiras, liberdade sindical e regime de férias. O
estatuto do pessoal dirigente, sob a forma de proposta de lei,
baixou à comissão sem votação, depois de o Governo ter
assumido o compromisso de que iria respeitar a exigência de
concurso público em matéria de recrutamento, não subvertendo
neste domínio os conceitos de regra e excepção.
Quanto às três
autorizações legislativas igualmente em debate o plenário
pronunciou-se favoravelmente mas só depois de introduzidas
alterações subscritas pela bancada comunista que melhoraram
substancialmente os diplomas. Nos seus objectivos, como salientou
o deputado comunista Alexandrino Saldanha, tais propostas visam o
"equilíbrio e a justiça", respeitando e aprofundando
simultaneamente os direitos dos trabalhadores, sem perder de
vista a necessidade de "uma maior dignificação e
motivação dos recursos humanos" na Administração
Pública.
Depois de um persistente trabalho do Grupo comunista, dando
expressão a antigas aspirações e à acção reivindicativa dos
trabalhadores e suas organizações sindicais, pode assim
dizer-se que, no essencial, os diplomas agora aprovados
introduzem aspectos positivos nas relações dos trabalhadores da
Função Pública.
Desde logo no diploma que se refere à estruturação de
carreiras relativamente ao qual foi introduzida por proposta do
PCP a garantia do acesso ao final de carreira com a inclusão da
dotação global, assim visando eliminar as anomalias e
injustiças relativas existentes. Com a alteração aprovada, com
efeito, em todas as carreiras verticais, independentemente da
existência de vagas nos quadros de pessoal, como salientou
Alexandrino Saldanha, será garantido ao trabalhador o acesso ao
final de carreira, assim evitando a estagnação profissional.
Destaque ainda para a proposta comunista que antecipa de quatro
para três anos o período necessário para efeitos de
progressão automática nas carreiras horizontais, bem como para
a proposta que determina que a aplicação da alteração aos
corpos e regimes especiais da Função Pública seja retroactiva
a Janeiro de 1998.
Embora enfileirando ao lado da bancada comunista na aprovação
dos diplomas, o PSD, no entanto, acabou por revelar alguma
hipocrisia no seu posicionamento e uma desajustada reserva mental
ao declarar, pela voz de Marques Guedes - no que podia ser
entendido quase como uma sugestão - que o Governo não teria
forçosamente de aplicar os conteúdos dos diplomas tal qual
foram aprovados.