Opções da UNITA suscitam condenação


Um pedido "Politicamente absurdo", assim classificou o deputado comunista José Calçada a diligência do CDS/PP para que a Assembleia da República se pronunciasse sobre a situação dos deputados da UNITA em Angola. Em causa estava, concretamente, a passagem do projecto de deliberação subscrito pelos populares em que se solicitam garantias para que aqueles parlamentares possam assumir "o respeito pela sua fidelidade aos princípios e ao Partido pelo qual foram eleitos".
No decorrer do debate, realizado na passada semana, José Calçada chegou mesma a referir que uma tal proposta "não lembra-ao-diabo". "A UNITA do Dr. Savimbi continua no caminho da guerra - e nós, Assembleia da República de Portugal, iríamos desenvolver diligências para que os seus deputados no Parlamento da República de Angola lhe pudessem continuar a garantir fidelidade", argumentou o parlamentar do PCP, que não poupou ainda críticas à iniciativa por entender que, à última, "visa passar por cima de todos os factos e apresentar dirigentes e militantes de um partido-que-se-coloca-fora-de-lei como vítimas de uma situação da qual são afinal responsáveis".
Recordado por José Calçada fôra já, momentos antes, o facto de o projecto de deliberação - não obstante reconhecer que o parlamento deve ser «a sede e o motor do relacionamento democrático» - esquecer-se de referir que "é a UNITA do Dr. Savimbi que continua a privilegiar o terreno da guerra como a sede e o motor desse relacionamento", do mesmo modo que passa por cima do facto de "que é a UNITA do Dr. Savimbi que continua na prática a não aceitar, em todas as suas consequências, os resultados das eleições".


«Avante!» Nº 1298 - 15.Outubro.1998