Dezenas de quilómetros de costa
afectados por maré poluente


Dezenas de quilómetros de praias da Zona Centro, especialmente as zonas costeiras de Cantanhede, Figueira da Foz, Pombal e Leiria, foram atingidas no início do mês por um derrame de substâncias poluentes ao largo da costa portuguesa. Trata-se, muito provavelmente e uma vez mais, de uma usual prática criminosa – a lavagem de depósitos de uma embarcação. "Os Verdes" foram ver a zona afectada e reafirmaram a necessidade de meios de detecção e combate adequados a estas situações.

Sexta-feira passada, uma delegação da Direcção Nacional do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) deslocou-se às praias afectadas, "a fim de poder observar a gravidade da situação no local e as suas implicações em termos ambientais e prováveis danos para as populações".
Falando em S. Pedro de Moel, no início da visita às praias atingidas pela maré de crude, a dirigente de "Os Verdes", Manuela Cunha, informou que o seu partido se prepara para "reapresentar no Parlamento um projecto de lei visando uma melhor protecção do litoral", prevendo, nomeadamente, um mais apertado controlo sobre os navios de transportes de cargas perigosas e tóxicas.
Manuela Cunha lamentou a "impunidade, muitas vezes repetida" face a casos de lavagem de tanques em alto mar. E defendeu que "há que fazer frente aos grandes interesses, quase de pirataria, que se movem ao nível dos transportes marítimos", através de uma articulação entre os vários Ministérios, que conduza, para além de "uma rápida detecção dos desastres, a uma eficaz limpeza da costa".
Dia 4, a Força Aérea Portuguesa (FAP) detectou no mar, frente à Figueira da Foz, uma mancha de crude com uma área de 100 por 300 metros, mas não apanhou o agente poluidor. As autoridades marítimas estão inclinadas a atribuir o derrame à lavagem de depósitos, em alto mar, por parte de uma embarcação.
O derrame já atingiu 60 quilómetros da costa portuguesa, cuja limpeza está a ser feita por centenas de pessoas, que recolheram entretanto toneladas de detritos. Um processo em que estão envolvidos funcionários dos municípios afectados, pessoal do porto da Figueira da Foz, da escola prática do Serviço de Transportes do Exército, do regimento de Artilharia de Leiria e do Serviço de Combate à Poluição da Direcção-Geral da Marinha, envolvendo também alunos das escolas.
O mar em frente à costa portuguesa é zona de passagem de 400 a 600 navios por dia.


Queixas várias

A área do ambiente e, em particular, o problema da localização de instalações para o tratamento de resíduos, tem vindo a gerar uma sensível polémica e grande número de protestos.
Domingo passado, a comissão concelhia da CDU de Vila Verde, realizou uma sessão sobre "Lixo, lixeira e aterro sanitário". Uma iniciativa que se prende com o problema da lixeira de Dossãos, Vila Verde.
O que está em causa, refere-se em comunicado de imprensa, é "ouvir opiniões, confrontar ideias, enriquecer o debate em torno do destino a dar aos resíduos sólidos e, mantendo-se numa postura activa e positiva de participação na busca de soluções para um problema que extravasa o mero âmbito concelhio, acrescentar alguma visibilidade ao drama em que se debate há anos uma freguesia rural e pouco populosa".
A CDU de Vila Verde defende o planeamento de soluções de futuro "que não podem limitar-se à simples construção de outro aterro sanitário e que considere nomeadamente a selecção, o tratamento e a reciclagem de resíduos sólidos urbanos".
A possibilidade de queima de resíduos tóxicos em Alhandra, é outra questão controversa. A JCP de Vila Franca de Xira considera que "a queima de resíduos tóxicos prejudicará" a população do concelho e defende "uma proposta coerente de produção e de gestão de resíduos industriais, circunscrita a um plano de intervenção organizado e zelador pela qualidade de vida das populações e pela salvaguarda do ecossistema natural".


«Avante!» Nº 1298 - 15.Outubro.1998