Itália
Governo demite-se


Depois de a Câmara de Deputados do Parlamento italiano ter retirado a confiança ao seu Governo, Romano Prodi apresentou a sua demissão, na passada sexta-feira.

Com 313 votos contra e 312 a favor, Prodi viu a moção de confiança ao executivo ser chumbada, apesar de contar com os 21 votos dos deputados que sairam da Refundação Comunista e formaram o Partido dos Comunistas Italianos.
Actualmente ainda em funções, Prodi recusou repetidas vezes a hipótese de vir a formar outro Governo. Esta possibilidade foi defendida por Fausto Bertinotti, líder da Refundação Comunista, e Armando Cossutta, chefe do novo Partido dos Comunistas Italianos. Bertinotti apoiaria Prodi se o Governo alterrasse a proposta de Orçamento de Estado para 1999.

«O Governo que se opôs à viragem caiu. Relancemos esta viragem», afirmou Bertinotti, referindo-se às propostas apresentadas pela sua formação. Na sua opinião, este executivo «teria de estar sob estrita vigilância e ser integrado pelos mesmos ministros».
Foi o projecto de Orçamento de Estado apresentado por Prodi que provocou a queda do executivo, quando a Refundação Comunista decidiu não o apoiar. Numa moção aprovada pelos seus membros no passado dia 4, o partido manifestou a sua «desconfiança em relação à política económica e social do Governo», referiu «um juizo negativo» sobre o orçamento para o próximo ano e anunciou que iria «retirar a sua confiança ao Governo».
A Refundação Comunista considerou que o documento não favorecia as classe mais necessitadas, nem oferecia soluções aos problemas no sul do país, onde a taxa de desemprego é superior a 20 por cento, mais oito pontos que a média nacional.

Discordando desta posição, Armando Cossutta demitiu-se do seu cargo de presidente da Refundação Comunista que mantinha até à semana passada e decidiu formar o Partido dos Comunistas Italianos. Vinte e um deputados seguiram-no.

A Oliveira, coligação de centro-esquerda no poder, também defende a recondução de Prodi. «A via mais racional é Prodi manter-se em funções até que seja aprovada a lei de finanças para 1999», defenderam os seus dirigentes, no final de uma reunião com representantes da Refundação Comunista.

Por seu lado, o Pólo das Liberdades, que agrupa os partidos de direita, reclama a convocação de eleições antecipadas. «Qualquer outra solução para a crise governamental não nos parece adaptada», referiu Silvio Berlusconi.

Ao fecho da nossa edição, o Presidente Scalfaro mantinha consultas com as diversas forças políticas para resolver a crise política.


«Avante!» Nº 1298 - 15.Outubro.1998