PE levanta
imunidade parlamentar a Le Pen
O Parlamento Europeu aprovou na sessão plenária da passada semana, com 420 votos a favor e 20 contra, o levantamento da imunidade parlamentar do deputado francês e líder da Frente Nacional Jean-Marie Le Pen.
Esta decisão do PE surge em resposta a um requerimento apresentado por um tribunal alemão em reacção a declarações proferidas por Le Pen em Munique, em 1997, nas quais considerou que as câmaras de gás da II Guerra Mundial não passavam de «um detalhe». De acordo com a legislação alemã, ao fazer tal afirmação, o líder da extrema-direita francesa «nega conscientemente a verdade e pretende que o holocausto de quantos foram mortos nas câmaras de gás deverá ser considerado como um capítulo insignificante da história da Segunda Guerra Mundial», o que é punível pela legislação daquele país.
Le Pen encontrava-se
em Munique com o objectivo de participar na apresentação do
livro «Le Pen, o rebelde», da autoria de Franz Schönhuber,
presidente dos «Republikaner», organização neo-fascista
alemã. Durante uma conferência de imprensa então realizada, em
resposta a um jornalista o eurodeputado francês afirmou: «Disse
e repito que as câmaras de gás constituem um pormenor na
história da Segunda Guerra Mundial. Se abrir um livro de mil
páginas sobre a Segunda Guerra Mundial - e recordo-lhe que esta
causou a morte de 50 milhões de pessoas -, se em duas dessas mil
páginas forem mencionadas as câmaras de gás e se em cada uma
dessas duas páginas apenas 10 a 15 linhas forem consagradas ao
problema das câmaras de gás, estará na presença do que se
chama um pormenor».
Na discussão em plenário, o líder da extrema-direita francesa
apelou à complacência dos seus pares, argumentando que, ao
defender a sua imunidade, estariam a defender «a liberdade de
pensamento e de opinião».
Outro deputado francês, o liberal Jean-Thomas Nordmann, ao justificar o apoio do seu grupo político ao levantamento da imunidade parlamentar ao presidente da Frente Nacional, contribuiu para pôr algumas coisas no devido lugar: «Não façamos de conta que as teses do senhor Le Pen são novas. Há uma vontade de provocação evidente na repetição obsessiva da palavra "pormenor", nesta insistência em usá-la por referência ao Holocausto, mesmo que disfarçado-a com precauções oratórias e preciosismos de linguagem.»