FSTIEP prepara corrente de protestos
Estado quer vender
mais acções da EDP



A FSTIEP acusa o secretário de Estado das Finanças de, ao anunciar a intenção de vender a privados mais 15 por cento da EDP, insistir numa orientação que é prejudicial ao País, aos consumidores, aos trabalhadores e à empresa, e de estar a faltar até aos compromissos inscritos no Programa do Governo.

As declarações públicas de Teixeira dos Santos e as notícias avulsas que têm vindo a lume sem qualquer desmentido aumentam a preocupação da estrutura sindical mais representativa dos trabalha-dores das empresas do Grupo EDP.
Recentemente, em entrevista ao «Diário Económico», o secretário de Estado das Finanças veio re-velar que o Governo, depois de ter rompido o limite dos 51 por cento de participação mínima do Es-tado na EDP, está a preparar a alienação de nova tranche de acções, na ordem dos 15 por cento. Além de anunciar a perda da maioria do capital, Teixeira dos Santos ainda veio defen-der «um reforço de uma lógica privada de gestão e de condução da actividade da em-presa».
A Federação das Indústrias Eléctricas (FSTIEP) sublinha que sempre esteve contra «a inversão do rumo da EDP no sentido da privatização e desta lógica que privilegia a corrida aos lucros em detrimento do serviço público e à custa dos direitos dos traba-lhadores. Mas, a confirmarem-se as declarações do secretário de Estado, o passo que o Governo se prepara para dar assume especial gravidade, pois não é para nós indiferente quem detém a maioria das acções», refere uma comunicado da Federação. Estas preocupações foram manifestadas na última reunião da Direcção Nacional da FSTIEP, dia 28 de Outubro, que decidiu alertar os trabalhadores da EDP e a opinião pública para o novo perigo emi-nente. A evolução deste processo será analisada no 4º Congresso da FSTIEP, que terá lugar em Coimbra, a 20 de Novembro.

Prejuízos evidentes

Pronta para desencadear uma corrente de protestos ainda mais forte do que na primeira e na segunda fase da privatização, a FSTIEP considera que «são cada vez mais evidentes os resultados prejudiciais da privatização da EDP».
«As decisões da empresa passaram a ser tomadas tendo em vista aumentar os lucros, em vez de procurar, primeiro, assegurar um serviço público de qualidade; houve redução do emprego e aumento dos ritmos de trabalho; piorou a qualidade do serviço, encerraram locais de atendimento, foram concentrados pi-quetes, generalizam-se as cobranças «por estimativa», há mais avarias e as respostas são mais demoradas, porque a EDP está mais longe dos consumidores».
Por outro lado, «aumentaram em flecha os lugares de administradores e gestores do topo da hierarquia, depois da EDP ter sido desmembrada em quase duas dezenas de empresas; e intensificou-se o ataque a direitos elementares dos trabalhadores, com menosprezo até por condi-ções de segurança que deviam ser norma neste sector».
«Avante!» Nº 1301 - 5.Novembro.1998