O «sim» dos trabalhadores



«Em defesa dos interesses concretos dos trabalhadores, no quadro do desenvolvimento regional que é necessário potenciar e para o qual a regionalização muito pode contribuir, cabe também aos sindicatos um papel activo e esclarecedor na batalha pela regionalização», afirmam as uniões de sindicatos de Lisboa e Setúbal, num comunicado conjunto que divulgaram sexta-feira. Para estas estruturas regionais da CGTP, «as regiões administrativas são um factor de fortalecimento e desenvolvimento do processo democrático», numa altura em que «só ao nível regional persistem órgãos de poder, com destaque para as CCRs, não legitimados pelo voto popular».
Num manifesto que a União dos Sindicatos de Coimbra começou a distribuir na passada quinta-feira e que na véspera apresentou aos jornalistas, o «sim» nas duas perguntas do referendo justifica-se porque a regionalização terá reflexos positivos na melhoria das condições de vida e de trabalho dos portugueses, pois a dinamização económica de cada região favorecerá a estabilidade dos vínculos laborais, a criação de novos empregos e a dignificação do trabalho.
O coordenador da CGTP, intervindo sexta-feira numa concentração contra o pacote laboral frente ao Governo Civil de Braga, respondeu aos «papagaios que aparecem a fazer contas aos custos das regiões» com outros cálculos: «basta uma taxa de meio por cento sobre as transacções da Bolsa para que o Estado arrecade 70 milhões de contos por ano». Carvalho da Silva notou que «as organizações patronais estão todas do lado do "não"», o que é factor de monta para um trabalhador que possa ter dúvidas sobre o sentido do voto no domingo.
Cerca de cinco centenas de dirigentes sindicais e outros trabalhadores do sector de transportes (de empresas como a Carris, o Metropolitano de Lisboa, a TAP, a CP, a Rodoviária de Lisboa) subscreveram um documento de apoio ao movimento «Sim às regiões, melhor Portugal». Este movimento divulgou também um apelo ao voto «sim» dos trabalhadores das telecomunicações, correios, água e energia; o documento é assinado por mais de uma centena de sindicalistas, quadros e outros funcionários da GDP, EPAL, Marconi, CTT, empresas do Grupo EDP, Petrogal, Portugal Telecom, Telepac.
Também chegaram à nossa redacção um comunicado da federação da Alimentação, Bebidas e Tabacos e uma moção da federação da Hotelaria, apelando ao voto «sim» dos trabalhadores nas duas perguntas de domingo.
«Avante!» Nº 1301 - 5.Novembro.1998