África do Sul
Comissão de Verdade divulga relatório
exigido o julgamento de Pieter Botha, Winnie Mandela e Buthelezi



A Comissão de Verdade e Reconciliação da África do Sul exigiu que Pieter Botha, Winnie Mandela e Buthelezi sejam processados pela violação dos direitos humanos durante o período do apartheid.
Após três anos de investigações, o relatório divulgado na quinta-feira passada aponta o Estado do apartheid da maioria dos crimes cometidos nessa época, mas considera que a oposição negra é responsável por outros.
Piether Botha, presidente do país entre 1979 e 1989, é acusado «do assassinato e a tentativa de assassinato ilegal e delibarado de pessoas que se opunham à política do Governo, dentro e fora da África do Sul» e de ter contribuido «para criar e facilitar um clima em que se puderam produzir, e se produziram, as graves violações dos direitos humanos mencionadas anteriormente e, por conseguinte, é responsável das ditas violações».
Winnie Mandela, por seu lado, é considerada política e moralmente responsável pelas acções do suposto clube de futebol «Mandela United», grupo que levou a cabo agressões, raptos e assassinatos entre 1986 e 1988. Winnie Mandela já havia sido declarada culpada em 1991 do sequestro e agressões ao jovem Stompie Seipei.
Mangasuthu Buthelezi, líder zulu e actual ministro do Interior, é apontado como responsável pela onda de assassinatos ordenada pelo seu partido, o Inkatha.
A Comissão de Verdade e Reconciliação, presidida pelo bispo Desmond Tutu, defende a política de amnistia geral para todos os que comparecerem perante ela e confessem os seus crimes. Para quem o recuse fazer - como é o caso de Botha, Winnie Mandela e Buthelezi - a condenação pela Justiça é a opção recomendada.
«Aceito o relatório tal como está, com todas as suas imperfeições, como um instrumento que a Comissão de Verdade e Reconciliação nos proporciona para a reconciliação e a construção do nosso país», declarou o Presidente Nelson Mandela.
«Avante!» Nº 1301 - 5.Novembro.1998