Desertificação ameaça América Central



Calcula-se que cerca de 44 hectares de floresta desaparecem, por hora, na região que integra a Guatemala, Costa Rica, Panamá, Honduras, Belize e El Salvador, devido sobretudo à necessidade de madeira, aos incêndios e ao progredir da frente ganadeira. O alerta foi dado pela Comissão Centro-americana do Ambiente e Desenvolvimento (CCAD), que segunda-feira apresentou à Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, um relatório sobre o estado do ambiente e dos recursos naturais na América Central.

O documento, divulgado pela Lusa, refere que os acidentes naturais, juntamente com a má utilização dos recursos por uma população que, na sua maior parte, vive em condições de grande pobreza, são os principais riscos da biodiversidade centroamericana.
Entre os acidentes naturais mais frequentes na região contam-se os incêndios, os desabamentos de terras e as inundações, além das doenças associadas a estes fenómenos, como a cólera e outras epidemias.
O relatório, cujo objectivo é alertar os governos para a necessidade de tomar medidas para impedir uma maior deterioração do meio ambiente, sublinha a importância da biodiversidade da América Central, uma região com 704 áreas naturais protegidas e mais de 6.600 quilómetros de costa.
É de salientar que a região costeira da América Central mantém mais de 20 por cento da população e produz, pelo menos, 750 milhões de dólares em indústria pesqueira, que dão trabalho a mais de 200.000 pessoas. O documento alerta para as consequências, para esta região, da deterioração da camada de ozono e os potenciais impactos das alterações climáticas. Segundo Jorge Cabrera, ex-secretário da CCAD, a não serem tomadas medidas parte do território está condenado, no futuro, a converter-se numa zona desértica.
A sobre-exploração dos recursos naturais é outro dos principais riscos para o meio ambiente centro-americano, devido, sobretudo, à pobreza da população, que se junta ao subdesenvolvimento e ao crescimento demográfico sem alternativas.
Para além da adopção de legislação adequada sobre o meio ambiente, o relatório da CCAD destaca a necessidade de estabeceler alianças com os mais de 46 grupos de indígenas da região, para implementar, de forma adequada, os processos de conservação ambiental.
«Avante!» Nº 1301 - 5.Novembro.1998