Regionalização
uma reforma necessária e justa
Prossegue nas organizações do PCP, a nível regional e local, a análise aos resultados do referendo sobre regionalização, realizado no passado dia 8 de Novembro. A tónica das conclusões é, contudo, quase sempre colocada na mesma ideia: o povo português perdeu uma boa oportunidade para aprofundar a democracia, proceder a uma distribuição mais equitativa da riqueza nacional e a uma gestão mais participada e transparente dos dinheiros públicos.
Esta é, aliás, a
opinião do Organismo Inter-Regional do Alentejo
que, saudando o povo alentejano pela prova de «maturidade e
consciência política» mais uma vez dada, ao votar Sim à
regionalização e à Região do Alentejo, lamenta, contudo, a
vitória do Não a nível nacional, que vai significar o
adiamento desta importante reforma, «com todos os prejuízos que
isso acarreta para o Alentejo e para o País.»
«Significativo» é, também, para o OIRA o facto de ter sido
nas zonas de maior influência do PCP que, tal como em relação
à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, o
Sim venceu e obteve os seus melhores resultados. São resultados
que confirmam «que é no PCP que as causas justas e
progressistas encontram o seu melhor, mais coerente e mais
empenhado defensor.»
Por outro lado, o PCP entende que «valeu a pena» a luta pela
Sim já que, com ela, se obrigou «os defensores do Estado
centralista e burocrático, mesmo os mais empedernidos, a
reconhecer que a situação que temos está mal, a reconhecer a
necessidade da descentralização e as suas virtualidades e a
valorizar o papel do poder local democrático». Sublinha,
entretanto, que, «nada do que se possa fazer em matéria de
descentralização, poderá substituir a existência das regiões
administrativas com os seus órgãos democraticamente eleitos, as
suas atribuições e competências próprias e o seu
financiamento consagrado em lei da República.»
Évora
«Ao votar
maioritariamente no Sim às duas questões referendadas e com uma
participação superior à média nacional, a população do
concelho de Évora mostrou que se situa na primeira linha das
batalhas justas e pelo progresso que se travam na região e no
país», diz, por sua vez, a Comissão Concelhia de Évora do
PCP, para quem os resultados no concelho e no Alentejo, para
além da consciência política da sua população, evidenciaram
a existência de uma identidade regional alentejana.
O PCP saúde, pois, a população de Évora pelos resultados
alcançados e denuncia «como ofensivas» para ela as
"análises" de alguns órgãos de comunicação social
que atribuem esses resultados à «incapacidade dos alentejanos
em se libertarem de uma pretensa tutela mental do PCP».
Ainda no Alentejo, a Comissão Concelhia de Avis, depois
de referir a grande afluência às urnas verificada no concelho,
saúda os militantes e simpatizantes do PCP, cujo empenho e
dedicação nesta batalha contribuíram para a vitória do Sim no
concelho de Avis e na Região do Alentejo.
Lamenta, entretanto, a Concelhia do PCP que a falsidade,
demagogia e calúnias dos partidários do Não tenham impedido a
concretização desta importante reforma democrática, que é a
regionalização, ao mesmo tempo que realça os objectivos e
valores por que os comunistas se bateram e de que não
abdicarão, já que permanecem «necessários, justos e
honestos».
Setúbal
Também a Direcção
da Organização Regional de Setúbal se congratula com os
resultados do referendo no distrito - 52,4% pelo Sim e 47,6% pelo
Não -, particularmante nos concelhos de Alcácer, Alcochete,
Almada, Barreiro, Grândola, Moita, Palmela, Seixal e Sines onde,
apesar da campanha «sem escrúpulos» do PSD e do PP, o Sim
venceu, confirmando a influência do PCP nestas zonas e a sua
campanha «serena, abrangente e essencialmente assente no
esclarecimento».
Os comunistas asseguram a sua determinação no prosseguimento da
luta por mais democracia participativa, mais desenvolvimento e
descentralização, assim como da acção, luta e mobilização
dos trabalhadores contra o Pacote Laboral, «com destaque para o
projecto-lei do trabalho a tempo parcial» entregue pelo Governo
na Assembleia da República.
Por outro lado, o PCP, através dos seus deputados na AR, irá
apresentar, em sede de discussão do Orçamento e do Plano de
Investimentos da Administração Central (PIDDAC), as propostas
que mais correspondam aos anseios da população do distrito,
designadamente com vista ao combate ao desemprego.
Pelo País
Mas é um pouco por
todo o lado que as organizações do PCP fazem a análise aos
resultados do referendo.
Por seu turno, a Direcção da Organização Regional de Coimbra
do PCP lamenta que se tenha perdido uma oportunidade para
concretizar a regionalização e considera que a campanha e os
resultados mostraram que «se mantêm muitos sinais de falta de
convicções, receios e calculismo» por parte de sectores e
personalidades do PS».
Atendendo, ainda, a que o ano de 1999 é um ano de eleições
(Parlamento Europeu e Assembleia da República), os comunistas de
Coimbra manifestam a sua preocupação face à permanência no
distrito de órgãos dependentes do Governo - Governador Civil,
Directores Regionais e CCRC.
A Direcção da Organização Regional de Castelo Branco,
por sua vez, lamenta o pouco empenhamento do PS na batalha
política do referendo, e que, mais uma vez, o preceito
constitucional da regionalização fique por cumprir. Entretanto,
no âmbito da discussão do OE, o PCP «tudo fará» para que os
resultados do referendo não penalizem o distrito.
Por último, a Comissão Concelhia de Ovar considera que a
resposta em massa da população do concelho ao apelo das forças
de direita para o referendo reflecte a luta desigual travada no
concelho entre os defensores do Sim - empenhados no
esclarecimento e na seriedade - e os partidários do Não que, à
força da mentira e do marketing político, conseguiram
transformar regionalistas convictos em seus acérrimos
apaniguados.