Abdullah
Ocalan preso em Itália
- Curdos exigem
libertação -
O líder do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Ocalan, detido pelas autoridades italianas na quinta-feira passada, não será extraditado para a Turquia. O primeiro-ministro italiano, Massino D'Alema, pôs de lado essa possibilidade no início da semana, referindo que a extradição obedecerá aos «procedimentos do nosso país, os quais não permitem extraditações para países com pena capital» e deixou claro que não se submeterá a «pressões ou chantagens».
Depois de referir as
graves consequências para as relações bilaterais com a Itália
caso Ocalan não seja extraditado, a Turquia anunciou que a pena
de morte será abolida no seu país ainda durante esta semana.
Não se sabe ainda se Abdullah Ocalan foi preso devido ao mandato
de captura emitido pela Turquia ou se a sua detenção foi fruto
de um acordo entre o PKK e a polícia italiana. O líder curdo
pediu o asilo político a Itália, decisão defendida por
numerosas personalidades da vida pública italiana nomeadamente
por Fausto Bertinotti, chefe do Partido de Refundação
Comunista, Walter Veltroni, do Partido dos Democratas de
Esquerda, e Francesco Cossiga, ex-presidente da República e
presidente da União Democrática para a República.
Entretanto, milhares de pessoas manifestaram-se pela libertação
imediata de Ocalan em Itália, França, Grécia, Hungria,
Arménia e Líbano. Na Turquia, mais de 600 presos curdos
iniciaram na segunda-feira uma greve da fome em solidariedade com
o seu dirigente.
Numa declaração difundida pela Frente Nacional de Libertação
do Curdistão, Abudallah Ocalan defendeu que «os problemas da
região não se resolvem pela guerra, mas com métodos civis e
políticos. Tal é uma necessidade e um dever.»
Afirmando ter ido a Itália «para abrir essa via, para construir
as condições necessárias a uma solução política», Ocalan
convida «as Nações Unidas, a União Europeia e as
organizações internacionais para a defesa dos Direitos Humanos
a empenharem-se nessa direcção».
Ocalan lembra ainda «a guerra terrível e destruidora» contra o
povo curdo, que já causou cerca de 37 mil mortos desde 1984.