EUA
Mumia
Abu Jamal mais perto da morte
O jornalista negro norte-americano Mumia Abu Jamal, conhecido como «a voz dos sem voz», está mais perto do corredor da morte. O Tribunal Supremo da Pensilvânia rejeitou recentemente todos os recursos apresentados pelos advogados daquele que é visto como o porta-voz das vítimas das condições sociais degradadas nos EUA.
Condenado à morte
em 1982, na sequência de um tiroteio que em Dezembro de 1981
custou a vida a um polícia e no qual Mumia ficou gravemente
ferido, o jornalista nunca teve direito a um processo justo. Não
foi possível citar nenhuma testemunha ocular, e, quando as
principais testemunhas indirectas da acusação foram
confrontadas pelos defensores de Mumia, recuaram nas suas
declarações.
A única «prova», fabricada pela polícia dois meses após os
factos, seria uma «confissão» do jornalista aquando da sua
chegada aos serviços de urgência do hospital. O registo
policial desse dia indicava que o ferido não tinha pronunciado
uma única palavra. Mais ainda: a bala que matou o polícia era
de calibre 45, enquanto a pistola que pertencia a Mumia era de
calibre 38. Não foi feito qualquer estudo balístico.
Todos estes factos foram rejeitados pelo Supremo Tribunal como
«não credíveis». Esta instância eleita inclui nomeadamente
Ron Castille, considerado como «o homem do ano» pela
organização policial «Fraternal Order of Police», que domina
o aparelho político-judicial de Filadélfia. O único recurso
era o Tribunal Federal. Mas depois do Presidente Bill Clinton ter
assinado a lei de «aplicação efectiva da pena de morte», esta
instância já não poderia fazer um julgamento de fundo.
Mais grave ainda, o governador republicano da Pensilvania, Tom
Ridge, após a sua reeleição, confirmou a sua intenção de
assinar uma ordem de execução de Mumia. Os advogados de Mumia
estão a reunir os elementos num dossier para tentar pôr em
causa a afirmação do Supremo Tribunal de que o juízes teriam
ouvido todos os argumentos da defesa. Isto é falso, pois os
advogados foram várias vezes impedidos de apresentar vários
argumentos, a pretexto de que não estavam directamente ligados
ao assunto, um pretexto tanto mais suspeito quanto a rejeição
do recursos de Mumia ser assinada pelos juizes Cappy e Ron
Castille, cujas ligações com «Fraternal Order of Police» são
publicamente conhecidas.
Se Tom Rodge assinar a ordem de execução, Mumia será colocado
em «fase 2», isto é, em espera de execução. Será então
totalmente isolado, as visitas serão suprimidas, e não voltará
a ter acesso ao telefone ou outra forma de contacto com o
exterior, salvo autorização expressa dependente da boa vontade
da administração da penitenciária. Porque, como escreveu
Mumia, «é preciso que o condenado seja morto antes de morrer».