PIDDAC/99
Assimetrias
agravam-se
O Orçamento
de Estado, as omissões e insuficiências resultantes do PIDDAC
para o distrito do Porto e as propostas do PCP foram analisadas
em conferência de imprensa realizada, na passada sexta-feira,
pela Direcção da Organização Regional do Porto, com a
participação dos deputados comunistas João Amaral e José
Calçada.
A análise ao PIDDAC prossegue, porém, um pouco por todas as
organizações do Partido que sobre ele tomam também posição
pública.
No Porto, os comunistas critcam as grandes diferenças que existem nas verbas do PIDDAC entre os vários concelhos do distrito e da área Metropolitana do Porto.
João Amaral refere
concretamente Gondomar, Gaia e Maia, três municípios da mesma
cor partidária e com investimentos baixos. «Coincidência ou
não», João Amaral acha que o Governo deve esclarecer «se há
alguma outra razão, além da cor partidária», para a
atribuição a estes concelhos de verbas inferiores.
Paredes, Felgueiras e Lousada são outros concelhos onde «não
há praticamente nada para investimentos locais». Mesmo Baião,
por exemplo, apesar de ter afectada uma verba de 1,691 milhões
de contos, a verdade é acaba por dispor apenas de 86 mil contos,
uma vez que 1,605 milhões de contos são à partida
direccionados para os acessos à IP4. Ainda, segundo João
Amaral, descontando a verba para o Metro do Porto, «o PIDDAC
para o distrito desce este ano».
O deputado José Calçada, por seu lado, apontou a contradição
existente entre a proposta para reforço das verbas para o
PROSOUSA e as promessas do ministro João Cravinho para o Vale do
Sousa, uma vez que, ao contrário dos 53,7 milhões de contos
prometidos para o Programa, o Governo apenas contemplou no PIDDAC
pouco mais de 600 mil contos.
A reabilitação urbana nos concelhos do Porto e Gaia, a
conclusão do troço a Sul do Douro da Via de Cintura Interna, a
Circular Regional Exterior do Porto e a extensão da linha do
Metro a Gondomar são, entretanto, alguns dos projectos que a
DORP considera «prioritários».
Aveiro
Também em Aveiro, o
deputado João Amaral e António Salavessa e Artur Ramísio, da
Direcção da Organização Regional de Aveiro, apresentaram, em
conferência de imprensa realizada no passado dia 27 de Novembro,
um conjunto de nove propostas de alteração ao PIDDAC, uma delas
visando a dotação para o próximo ano de meio milhão de contos
para atacar o problema do atraso no saneamento básico no
distrito.
Segundo a DORLEI, são apenas três os distritos do Continente em
que o PIDDAC orçamentado diminui entre 1998 e 1999 - Aveiro,
Faro e Lisboa - sendo, contudo, que «a quebra mais violenta»,
em percentagem e em termos absolutos, é a do distrito de Aveiro.
Um facto que «terá reflexos negativos na realidade distrital,
nomeadamente nas perspectivas de desenvolvimento».
A despoluição e dragagem da Pateira de Fermentelos, a
despoluição e recuperação da Barrinha de Esmoriz, o
equipamento e remodelação do Hospital de Ovar, a construção
do Centro de Saúde de Nogueira do Cravo e das novas
instalações de Oliveira do Bairro, são outras propostas de
alteração que o PCP, apesar de votar contra o Orçamento, irá
apresentar.
Leiria
A Direcção da
Organização Regional de Leiria, por sua vez, considera que «a
redução sistemática do investimento directo em infraestruturas
no distrito», está patente no valor global do investimento
previsto nos quatro anos de mandato e no baixo grau de execução
dos investimentos planeados», que em 1998 não foi além dos 40
por cento.
Chamando a atenção para «a persistente secundarização e
marginalização» de Leiria, e afirmando que os 20 milhões de
contos previstos no PIDDAC para o distrito «não atenuam a
situação de injustiça relativa» nem significam qualquer
reforço do investimento - apenas o adiando na maior parte dos
casos -, o PCP promete, entretanto, apresentar um conjunto de
propostas a incluir no Plano.
Guarda
Segundo a Direcção
da Organização Regional da Guarda, o PIDDAC/99 agrava as
desigualdades regionais e subalterniza o distrito em relação ao
Litoral.
Na sua análise, o PCP considera que este Orçamento não
responde às necessidades de desenvolvimento do distrito, uma vez
que as verbas destinadas ao sector produtivo, ao estímulo à
fixação de novas indústrias, ao apoio aos jovens empresários,
à recuperação do tecido industrial e comercial, são
simplesmente «ridículas».
Quanto aos Programas Integrados de Desenvolvimento, PROCÔA e
PROESTRELA, eles recebem respectivamente as «exíguas verbas»
de 37 mil e 250 mil contos, enquanto as acessibilidades
«continuam a marcar passo».
A confirmar a justeza das suas críticas, os comunistas referem
as promessas de novos e volumosos investimentos feitas pelo
Primeiro Ministro, quando da passagem pelo distrito do seu
«Governo em Diálogo». Promessas com que o PCP se congratula e
pelas quais se baterá para que «sejam cumpridas até ao último
tostão».
Emigração
No que se refere às
rubricas para as comunidades portuguesas, o Grupo Parlamentar do
PCP propõe alguns aumentos de verbas, nomeadamente para o
funcionamento do Conselho das Comunidades - mais 26 mil contos -,
uma vez que, apesar de o Conselho Permanente ter calculado em
62.500 contos a verba necessária para o funcionamento
«minimamente condigno e eficaz» do CCP, o Governo apenas lhe
ter atribuído 36.500 contos.
Para a área do ensino do português, o PCP propõe aumentar em
mais 300 mil contos os 6,3 milhões de contos atribuídos pelo
Governo, o que «não correspondendo ainda à verba necessária»
representa «um sinal no sentido de inverter a actual
situação».