3ª Conferência da CGTP-IN
Organizar para a luta
com melhores resultados
No momento
em que enfrenta uma violenta ofensiva do capital contra os
trabalhadores, o movimento sindical unitário analisa as forças
de que dispõe, reafirma os princípios que têm orientado com
sucesso a resistência e define as medidas necessárias para
prosseguir o combate.
Oito centenas de dirigentes e
delegados sindicais de todo o País reuniram-se sexta-feira e
sábado, no Cinema Terço, no Porto, na 3ª Conferência de
Organização Sindical, levada a cabo pela CGTP-IN. De entre as
questões em análise, o processo de reestruturação para um
melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais e
financeiros foi «talvez a grande novidade», como admitiu
Américo Nunes, ao abrir os trabalhos.
O objectivo, apontado em Dezembro de 1995, quando foi aprovado o
«quadro tendencial indicativo» da evolução da estrutura da
CGTP, e assumido no último congresso da central, em 1996 (31 de
Maio e 1 de Junho), é uma adequação a novas situações que
«garanta, no longo prazo, dimensões mínimas em associados,
quadros sindicais, meios financeiros e logísticos, que permitam
às organizações intervir e desenvolver-se, ultrapassando
condicionalismos internos e externos».
Das vertentes a considerar neste processo, aquele membro da
Comissão Executiva da CGTP, responsável pelo pelouro da
Organização, destacou três: a descentralização, a gestão
coordenada, integrada ou comum de meios, e o financiamento.
«Temos meios de grande envergadura que, geridos numa lógica
global, coordenada, integrada e solidária, o que é possível,
com respeito pelas diversas autonomias e identidades, poderão
ser muitíssimo mais rentabilizados», «numa perspectiva de
economia de escala, de coesão interna do movimento sindical
unitário, de solidariedade inter-sectorial e regional, entre as
diversas organizações e, através delas, entre os
trabalhadores», defendeu Américo Nunes
Como «bons exemplos a seguir e a alargar», foram apontados a «casa do trabalhador» em Braga, os sectores da metalurgia, química, cerâmica e indústrias eléctricas e outros casos de instalações comuns e serviços partilhados em Lisboa e Aveiro (no Porto está em estudo um projecto do género). Na conferência foram igualmente valorizadas as soluções encontradas para a organização e acção reivindicativa bem sucedida dos trabalhadores em situações de especial precariedade, como os «recibos verdes» na Função Públicas ou as obras na Ponte 25 de Abril e no Aeroporto da Madeira.
Governo condenado
Para a CGTP «é condenável que
um Governo, que vem proclamando as suas preocupações sociais,
queira ir mais longe nas cedências ao patronato do que o governo
de direita de Espanha». A afirmação, contida na Resolução
Político-Sindical da conferência, a propósito da proposta de
lei sobre generalização do trabalho a tempo parcial, foi feita
das mais diferentes formas. Carvalho da Silva, na intervenção
de encerramento, constatou que o executivo de António Guterres e
Ferro Rodrigues «assume muitas vezes como estratégia aquilo que
são os grandes objectivos do capital e não os do povo
português».
Foram lembradas as resistências e manobras de muitos patrões,
com cobertura do Governo e da própria Inspecção do Trabalho,
relativamente à redução do horário de trabalho e à tentativa
de deixar de contar as pausas. Mas as preocupações mais graves
expressas no Porto tiveram a ver com a «violenta ofensiva
legislativa», que põe em causa pilares do Direito do Trabalho.
A resolução expressa o apoio à realização de «uma grande
jornada de luta, com greves e concentração-manifestação junto
à AR, na semana em que o projecto de lei do trabalho a tempo
parcial for discutido no Parlamento». E, «desde já», exorta
os activistas e trabalhadores de todos os sectores a que «nos
locais de trabalho, discutam e aprovem declarações de greve
para o dia em que a AR iniciar» a discussão daquele diploma.
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