Administração
Pública anuncia
novas lutas em Dezembro
Cerca de dois mil trabalhadores da Administração Pública manifestaram-se quarta-feira da semana passada, em Lisboa, contra a proposta salarial do governo, tendo aprovado um resolução e prometeram que o mês de Dezembro será de luta.
O protesto teve
início no Marquês de Pombal, onde os trabalhadores se
concentraram para ouvir as intervenções dos dirigentes da
Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública. Dali
seguiram em desfile até à residência oficial do
primeiro-ministro, em S. Bento.
Na manifestação destacava-se a numerosa presença de
trabalhadores afectos ao STAL, (Sindicato dos Trabalhadores da
Administração Local ), que se deslocaram a Lisboa oriundos de
vários pontos do país.
«Chega de conversas, cumpram as promessas», «Modernizar sim,
privatizar não» e «Aumento salarial, mais justiça social»
eram as palavras de ordem, intercaladas com o som dos bombos e
dos apitos, mais ouvidas ao longo do desfile.
Chegados a S. Bento, os trabalhadores voltaram a concentrar-se, enquanto uma delegação sindical entregou no gabinete de António Guterres a resolução aprovada por unanimidade e aclamação no Marquês de Pombal, que apoia a proposta da coordenadora dos sindicatos da Frente Comum de transformar o mês de Dezembro num «mês de luta». As acções deverão incidir sobretudo nos dias 10 (dia da votação do Orçamento de Estado), 11 e 18 próximos, e o documento embora o documento admitisse o recurso à greve por parte de alguns sindicatos, só ontem, quarta-feira, quando a nossa edição estava a ser impressa, a Frente Comum divulgou o conteúdo concreto das acções.
Por aumentos justos
A resolução
reafirma a justeza das reivindicações da Frente Comum e exige
que o Governo apresente uma proposta de aumentos salariais que
constitua uma base séria para o prosseguimento das
negociações.
Igualmente, o texto repudia a política de privatizações dos
serviços públicos e denuncia a postura do Governo relativamente
à posição assumida pela Assembleia da República sobre a
reestruturação das carreiras da Administração Pública.
O coordenador da Federação Nacional dos Sindicatos da Função
Pública, Paulo Trindade, na intervenção que fez, também se
referiu a esta matéria, considerando vergonhoso que o Governo
tenha ignorado a posição do Parlamento, que tinha aprovado uma
lei que minimizava as distorções das carreiras do sector.
Paulo Trindade reafirmou que a reivindicação de um aumento de
pelo menos cinco contos por trabalhador não é exagerada tendo
em conta que a actual diferença entre o salário mínimo da
Administração Pública e o salário mínimo nacional é de 6,5
por cento.
O sindicalista salientou ainda os perigos da privatização de
serviços públicos, nomeadamente a perda do direito à carreira
e da estabilidade de emprego.
Por seu lado, Santos Brás, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local, salientou que os trabalhadores das ilhas também promoveram iniciativas para assinalar este dia de luta, nomeadamente em Ponta Delgada, onde se realizou uma manifestação junto à sede do Governo Regional.
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Trabalhadores
exigem
remuneração complementar
A manifestação
decorrida, dia 25, em Ponta Delgada envolveu
cerca de 700 trabalhadores das autarquias de São Miguel e
funcionários públicos que exigiram a reposição do «subsídio
de insularidade» de que beneficiaram até 1993.
Durante o desfile até ao Governo Regional, que percorreu algumas
das principais artérias da cidade, os trabalhadores gritaram
palavras de ordem e mostraram cartazes com inscrições «sim à
remuneração complementar» e «o prometido é devido». O
desagrado dos manifestantes foi visível quando se aperceberam da
ausência do Presidente do Governo, Carlos César, a quem
pretendiam entregar a resolução aprovada.
Apesar disso, obtiveram a garantia de que o presidente do Governo
iria receber durante a presente semana representantes do STAL,
estrutura que organizou o protesto.
Para o STAL o executivo açoriano deve honrar o seu compromisso e
as promessas eleitorais, repondo o subsídio de insularidade, o
qual continua a ser «a única forma de aproximar o poder de
compra dos funcionários públicos da região do poder de compra
dos seus colegas do continente».
O complemento
salarial de 5.250 escudos de que beneficiaram os funcionários
açorianos entre 1992 e 1993 quando o PSD perdeu,
temporariamente, a maioria absoluta na Assembleia Regional, foi
criado pelo parlamento com o voto favorável dos socialistas, que
ascenderam ao poder há dois anos.
O Governo Regional projecta, agora, compensar os funcionários
açorianos através da redução do imposto sobre rendimentos
singulares (IRS) no quadro da Lei de Finanças das Regiões
Autónomas. Mas, segundo o STAL, a proposta governamental em nada
beneficia muitos trabalhadores que, na sua maioria, apenas terão
um acréscimo mensal de rendimentos de 600 ou 700 escudos.