Birmânia
Dólares
por diálogo
As Nações Unidas e o Banco Mundial ofereceram mil milhões de dólares de ajuda ao governo militar de Rangum em troca da abertura do diálogo com a líder da oposição birmanesa Aung San Suu Kyi, revelou há dias o jornal «International Herald-Tribune».
Segundo o jornal,
citado pela Lusa, o "negócio" foi proposto às
autoridades birmaneses pelo enviado da ONU, Alvaro Soto, que
recentemente visitou Rangum, e surge num momento em que se agrava
o impasse entre entre Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz em 1991, o
seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (NLD), e o regime
militar.
A informação, prestada ao «International Herald-Tribune» por
fontes não identificadas, não é confirmada pelo governo de
Rangum, que num fax enviado à agência Associated Press afirmou
haver muita «especulação» sobre a visita de Soto.
A Birmânia é um dos países mais pobres do mundo e está sob sanções económicas e políticas impostas pelos Estados Unidos e outros países devido às violações do direitos humanos cometidas pelo regime militar, no Poder desde 1962.
A fazer fé na
notícia do jornal, a proposta do enviado da ONU inclui várias
contrapartidas por parte da comunidade internacional em troca de
mudanças no país. A questão estará a ser discutida entre
ambas as partes, existindo ainda muitas arestas a limar, segundo
um diplomata citado pelo jornal.
A iniciativa exorta tanto a oposição como o governo a
procurarem alcançar compromissos políticos, que seriam
recompensados com o aumento da assistência financeira e ajuda
humanitária.
O primeiro passo para a concessão de fundos ao governo
implicaria a libertação de presos políticos, a liberdade de
movimentos para Suu Kyi e a autorização para o livre
funcionamento do seu partido.
Em troca, o NLD concordaria em prescindir da sua exigência de
convocar o Parlamento saído das eleições de 1990, cujos
resultados o governo militar não reconheceu.