Sindicatos denunciam
problemas nas empresas de Lisboa


Encerramento de empresas, salários e indemnizações em atraso, violações de direitos, alastramento da precaridade, tais são, em suma, os traços que caracterizam a situação social no distrito de Lisboa.
O levantamento foi feito pela União dos Sindicatos de Lisboa com base num estudo abrangendo 319 empresas pertencentes a 19 sectores de actividade.

De acordo com os dados apurados pela USL, recentemente divulgados em conferência de imprensa, o número de empresas que fechou as suas portas entre 1995 e 1998 atingiu os 131, enquanto as dívidas por salários em atraso e indemnizações não pagas, em empresas encerradas por falência, sobem a mais de 17 milhões de contos, num universo de 111 empresas.
Neste período natalício foram registados cerca de cinco mil trabalhadores com salários em atraso em 50 empresas em laboração, tendo ainda sido identificados 75 casos de violação de direitos. Trinta e uma empresas de nove sectores de actividade, segundo o estudo, apresentam sinais de poderem proximamente vir a encerrar.
A FNAC - Tipografia e Litografia, o Jornal do Comércio, a Metalminer, o Centro Comercial Barão, as Construções Técnicas, os Móveis Olaio, a Sociedade de Construções Gaudêncio, a Clínica das Amoreiras, os Cabos Ávila, a Copinaque, a Moagem Carcavelos, a Editora Gráfica, a Equiprinter, a Expressão Gráfica, a Gris Impressores são algumas das empresas com salários em atraso.
Neste quadro, para a USL, afigura-se inaceitável a adopção de qualquer medida legislativa como as que o Governo pretende impôr no plano laboral, na medida que tal «faria agravar substancialmente, pelo reforço do poder patronal que daí resultaria, todos os aspectos da situação social».

Situação em Braga

Entretanto, no distrito de Braga, a situação no capítulo dos direitos socias e laborais não é melhor. Um comunicado da União dos Sindicatos alerta para a existência de mais de 35 mil trabalhadores no desemprego, dos quais 22 mil são desempregados de longa duração que, por esse motivo, não recebem qualquer subsídio.
O número de trabalhadores com salários em atraso eleva-se a 3.450, ao mesmo tempo que mais de 40 mil exercem a sua actividade de modo ilegal e clandestino, laborando à semana, ao dia, à hora, à peça, ao metro.
De acordo com a nota à imprensa da USL, mais de dez trabalhadores aguardam há vários anos pelo recebimento das indemnizações a que têm direito pelo encerramento e falência das empresas em que se encontravam, existindo ainda centenas de jovens a auferirem vencimentos inferiores ao salário mínimo, enquanto centenas de crianças são exploradas por patrões sem escrúpulos.


«Avante!» Nº 1309 - 30.Dezembro.1998