Eleições antecipadas em Israel
O Parlamento israelita aprovou na semana passada a realização de eleições legislativas antecipadas, com 81 votos a favor e 30 contra. O próprio primeiro-ministro votou favoravelmente, juntamente com a maioria dos membros do seu partido, o Likud, e do Partido Trabalhista.
«Este Governo
abandonou o processo de paz, fracassou o seu caminho. Salvámos o
Governo várias vezes para que pudesse avançar com as
negociações», afirmou o líder trabalhista Ehub Barak.
«Acabamos por perceber que o que lhe interessava não era
cumprir o acordado, mas sim a sua própria sobrevivência»,
acrescentou.
Netanyahu tentou evitar a antecipação das eleições propondo a
criação de um Governo de unidade nacional que incluisse os
trabalhistas. A proposta foi imediatamente recusada. «Nós
defendemos a unidade nacional, mas não uma unidade fruto do
encobrimento de grandes diferenças ideológicas: este Governo
terminou os seus dias», respondeu Barak.
As eleições realizam-se um ano e meio antes do previsto e
deverão opôr Netanyahu ao trabalhista Ehub Barak e ao líder do
recém criado Partido do Centro, Amnon Lipkin Shajak. De acordo
com sondagens recentes, o actual primeiro-ministro perderia se as
eleições se realizassem agora.
O tema mais debatido será o processo de paz com a Autoridade
Palestiniana, a questão que mais contribuiu para a antecipação
do escrutínio. Como referiu o primeiro-ministro, o actual
governo encontra-se entre duas tendências. «Não rompemos o
Acordo de Oslo como exigem de um lado, nem estamos dispostos a
ceder a Arafat e à Autonomia Palestiniana, permitindo que não
cumpram os seus compromissos, como exigem do outro lado»,
afirmou Netanyahu, aludindo à extrema-direita e à esquerda
israelita.
Entretanto, a aviação israelita atacou no dia 22 posições do
Hezbollah no sul do Líbano, provocando a morte de uma mulher e
dos seus seis filhos. O grupo islâmico retaliou com misseis
Katyusha fazendo 13 feridos.
O secretário-geral
da ONU mostrou-se muito preocupado com o reacender da violência
e exortou «as partes implicadas a porem fim à violência e, em
particular, a respeitar o estatuto de não-combatente dos
civis».
Kofi Annan lamentou «a morte de civis albaneses no ataque aéreo
israelita, que provocou os tiros das milícias armadas libanesas,
que por sua vez colocaram em perigo civis israelitas».