Jovem morto a tiro em Timor


Um militar indonésio assassinou com um tiro um jovem timorense na noite da passagem do ano «sem nenhuma razão aparente». A informação foi veiculada pela União Democrata Cristã de Timor (UDC) num comunicado de imprensa que revela que o incidente teve lugar em Baguia, na região timorense de Matebia, quando Julião Gonzaga comemorava o início de 1999 dançando Teda, uma dança tradicional de Timor-Leste.
O Conselho Nacional da Resistência Timorense tentou enviar um médico a Baguia para a realização de uma autópsia ao jovem assassinado, mas até 1 de Janeiro, data do comunicado, ainda não tinha sido «possível encontrar um médico disponível». Juntamente com o funeral, está prevista a realização de uma manifestação que se estenderá a Dili «para clamar pela justiça e exigir a punição do autor deste assassínio».
Referindo que os responsáveis da Divisão da Região Militar se encontram incomunicáveis, a UDC adianta que Manuel Carrascalão se disponibilizou para outras diligências para o contacto com os representantes do exército.
Entretanto, o Governo indonésio libertou 42 presos políticos, entre os quais 26 timorenses. Comentando a iniciativa, o presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos da Indonésia, levantou algumas dúvidas sobre as verdadeiras intenções das autoridades. «Resta saber se a libertação tem como base razões administrativas ou se é simplesmente uma manobra política», afirmou Marzuki Darusman.

Seis mortos na Indonésia

Seis civis morreram e várias dezenas ficaram feridos na província indonésia de Aceh, no norte da ilha de Sumatra, na sequência de confrontos entre a população e as forças de segurança.
O incidente ocorreu no domigo quando a polícia e o exército abriu fogo sobre um grupo de manifestantes que se preparavam para atear fogo num edifício oficial da cidade de Kandang. A noite foi marcada pelo corte das ruas por parte dos soldados e pelo sobrevoar contínuo de helicópetros sobre a área. A provícia é agora patrulhada por milhares de militares.
Segundo organizações humanitárias, nos últimos nove anos multiplicaram-se os casos de execuções sumárias, torturas e violações nesta província independentista. Em Agosto, o exército pediu desculpa pelo desrespeito dos direitos humanos e anunciou a retirada das tropas, medida ainda não concretizada.
Na segunda-feira, o presidente Yusuf Habibe apelou ao fim da violência, num discurso em que criticou a «falta de paciência entre certas camadas da sociedade».


«Avante!» Nº 1310 - 7.Janeiro.1999