40º aniversário da Revolução Cubana |
Depoimentos
de estrangeiros e cubanos
Eis alguns depoimentos e opiniões recolhidos pelo correspondente do «Avante!» em Santiago, na noite do 40º aniversário da vitória da Revolução, de convidados estrangeiros e personalidades cubanas.
Uma voz de Abril
«Na inolvidável
comemoração dos 40 anos da Revolução Cubana, a 1 de Janeiro
de l999, na Praça Carlos Manuel de Cespedes, o pai da pátria
cubana, Fidel Castro, com grande clareza, simplicidade e sentido
pedagógico, evocou a luta heróica da Sierra Maestra e as
operações militares imediatamente anteriores à tomada de
Santiago, tendo sempre presente a memória dos que deram a vida
pela libertação do seu povo, pela independência da pátria,
pelo futuro do homem. Mas a sua evocação dos mortos pela
responsabilidade e o respeito que impõe aos vivos a
continuação da luta pelos ideais por que caíram é uma
evocação cheia de significado, é um estimulo, um exemplo, um
guia para a acção. É também um assumir de responsabilidades,
de respeito, com implicações directas na acção
revolucionária quotidiana. Dentro da mesma linha de pensamento
situou-se a sua análise da conjuntura económica mundial, com
ênfase para os perigos da inevitável globalização, se esta
não for colocada a serviço do homem com todas as suas
potencialidades e capacidades - uma globalização oposta à
neoliberal, que responda às mais nobres aspirações da
condição humana.
Finalmente, Fidel Castro dirigiu-se às jovens gerações
posteriores ao 1º de Janeiro de 1959, e mais particularmente à
juventude actual exortando-as a instruir-se ainda mais, a
aprofundar o conhecimento, a uma maior consciencialização
política e ideológica, ao trabalho colectivo, sem perderem de
vista que a felicidade do homem permanece intimamente ligada à
felicidade do seu semelhante, pois a felicidade, sendo uma
realização pessoal é também uma realização social. Não se
pode ser feliz individualmente num mundo em que a miséria, a
fome, a doença, a ignorância e o desrespeito por elementares
direitos humanos mergulham no desespero milhares de milhões de
homens, de crianças e jovens. É contra esta globalização
capitalista neoliberal que a juventrude, na continuidade da
Revolução Cubana, deve empenhar o melhor de si própria,
afirmando no combate o amor à pátria e a fidelidade ao ideário
dos heróis de Moncada e da Sierra Maestra.»
a) General Vasco Gonçalves, Portugal
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A solidariedade do Paraguai
«Uma vez mais, o
líder da Revolução Cubana deu-nos uma verdadeira lição de
história sobre as lutas do seu povo e a sua importância no
processo de libertação dos povos da nossa América. Confirmamos
também como um povo, guiado por um Partido revolucionário e um
dirigente genial pode alcançar a vitória sobre um exército com
esmagadora superioridade numérica, armado e treinado pelo
imperialismo norte-americano.
Procedendo a uma profunda análise da realidade actual de Cuba e
do mundo, e das crises económicas que golpeiam cada vez mais os
povos oprimidos, o máximo dirigente da Revolução Cubana deixou
bem claro o perigo que hoje ameaça a própria civilização.
Consideramos muito importante o estudo e a análise deste
transcendental discurso do comandante Fidel Castro pelas forças
revolucionárias e progressistas de todo o mundo. Isso as
ajudará a enfrentar as políticas neoliberais que desenvolvem as
grandes transnacionais e que estão a levar o mundo a uma
catástrofe e a um eventual aniquilamento.»
a) Ananias Maidana, secretário-geral do Partido Comunista Paraguaio
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O apoio da Refundação
«Fidel Castro aproveitou a oportunidade do 40º aniversário da vitória da Revolução Cubana para dirigir a Cuba e ao mundo um discurso político extraordinariamente rico de significado. Falou aqui, em Santiago, da globalização capitalista, da política neoliberal e dos males dela resultantes para a humanidade. Lembrou simultaneamente que o neoliberalismo pode ser derrotado em nome de outro projecto assente numa ideia diferente do homem que responda às suas melhores potencialidades. Doravante a luta generosa de um povo se estiver isolado, não pode por si só levá-lo à vitória, mas juntos todos os povos podem impor a sua vontade, se resistirem ao pensamento único e à lógica da globalização capitalista. A Revolução Cubana caminha por outra estrada. É um exemplo. Todos nós, unidos, podemos construir um novo caminho, comum.»
a) Fausto Bertinotti, secretário-geral da Refundação Comunista Italiana.
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Palavras de um combatente de Moncada
«Ao reflectir sobre
estes primeiros 40 anos da Revolução Cubana, a primeira coisa
que me acode à memória é o grande orgulho de ser cubano e
revolucionário.
Ter resistido e vencido toda a agressividade do imperialismo
norte-americano durante quatro décadas demonstra a validade
deste projecto de sociedade como autêntica alternativa capaz de
iluminar um caminho, de abrir uma esperança aos maltratados
países do chamado Terceiro Mundo, que sofrem cada vez mais as
nefastas consequências da exploração neoliberal.
As extraordinárias conquistas da Revolução ao longo destes
anos no campo do desenvolvimento social, na ciência, na
economia, no que se refere à dignidade nacional, ao respeito e
consideração pelo ser humano, são realidades transparentes em
Cuba e constituem a melhor recompensa para o sofrimento e os
sacrifícios realizados no processo de consolidação e defesa
dos nossos ideais.
Por tudo isso, neste 40º aniversário do luminoso 1º de Janeiro
de 1959, invade-nos uma grande satisfação e um enorme estímulo
para prosseguir, ir sempre mais longe, com mais entusiasmo,
seguros de novos êxitos, rumo à vitória final.»
a) Ramón Pez Ferro, deputado à Assembleia Nacional do Poder Popular, presidente da Organização de Solidariedade dos Povos da África, Ásia e América Latina, ex-combatente de Moncada.
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Fala um pintor
«Para mim foi o discurso mais importante de quantos ouvi a Fidel. Ele é um vulcão em erupção permanente, sempre imprevisível. Desta vez encantou-me a sua lição de economia. Consegue dar força de transparência aos mecanismos da globalização. Este homem dá a impressão de que sabe tudo, de tudo.»
a) Guayasimin, pintor equatoriano de prestígio mundial
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A perspectiva de um historiador
«Eu identifico no discurso que Fidel pronunciou um Manifesto dirigido sobretudo à juventude cubana. Foi uma peça belíssima em que a recordação do exemplo dos heróis tutelares funcionou como plataforma para o discurso sobre os mecanismos trituradores da globalização neoliberal. Como sempre, Fidel, colocando os homens perante desafios quase sobre-humanos, mantém intacta a esperança e no limiar de novas batalhas exorta a nova geração a partir com confiança para a luta, em busca da vitória.»
a) Eusébio Leal, historiador, deputado à Assembleia Nacional do Poder Popular
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O sentir de um poeta
«Como escritor definiria este discurso maravilhoso de Fidel como um testamento politico. Não se choque. Testamentro no sentido de síntese de um pensamento político extraordinariamente aberto à compreensão da totalidade da vida. Uma mensagem dirigida à juventude.»
a) Miguel Barnet - poeta, ensaista e novelista, dirigente da União Nacional dos Escritores e Artistas de Cuba -UNEAC
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Comentário de um pensador
«Foi um discurso muito denso, de uma grande riqueza conceptual, com mensagens diversificadas, todas elas muito importantes para o entendimento do tempo presente, em Cuba e no mundo. Fidel captou há muito a gravidade da crise global de civilização que a humanidade enfrenta. É a maior crise no Ocidente desde a queda do império Romano no século V. A devastação resultante das políticas neoliberais e da globalização capitalista e a ameaça de destruição das culturas são indissociáveis dessa crise de civilização. Fidel foi extraordinariamente feliz e lúcido nas suas sínteses e mensagens.»
a) Armando Hart, membro do Conselho de Estado, director do Projecto Martí, ex-ministro da Cultura, deputado à Assembleia Nacional do Poder Popular