Salário
mínimo
«injusto e insuficiente»
«Profundamente injusto e insuficiente» é como a CGTP classifica o aumento do salário mínimo nacional, decidido sexta-feira pelo Conselho de Ministros. O SMN passa a ser de 61300 escudos para os trabalhadores por conta de outrem e de 56900 escudos para o serviço doméstico.
O coordenador da
Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses lembrou, em
declarações à Agência Lusa, que a produtividade em 1999
deverá fixar-se nos três pontos percentuais e a inflação nos
2,4 por cento, e que «a soma desses dois factores apontaria logo
para um salário mínimo nacional de 62316 escudos». A CGTP,
defendendo uma revalorização do ordenado mínimo, propôs um
aumento para 62500 escudos.
Carvalho da Silva argumentou, também, que «o salário mínimo
tem crescido em Portugal menos que os restantes salários, cuja
média se situa nos 120 contos», notando que o SMN representa,
pelo seu valor, um factor de pobreza. «Em Portugal, os 20 por
cento dos trabalhadores mais bem pagos recebem 7,1 vezes mais do
que os 20 por cento mais mal remunerados. Na restante Europa
comunitária essa relação é, em média, de 5,4 vezes»,
frisou.
Os aumentos decididos pelo Governo «vão acentuar ainda mais a
diferença em causa», considerou Carvalho da Silva, reafirmando
que «não é com uma política de baixos salários que se aposta
numa estratégia de desenvolvimento».
Quem recebe
O salário mínimo
nacional é auferido por 7,8 por cento dos trabalhadores
portugueses, sem contar com os funcionários públicos e os
trabalhadores da agricultura.
A maioria dos trabalhadores que ganham o SMN - refere um
levantamento divulgado pela Lusa - trabalha na fabricação de
mobiliário (23,3 por cento), restauração e hotelaria
(17 por cento), indústria da madeira e cortiça (7 por
cento) e indústria alimentar (6 por cento).
Nas empresas com menos de dez funcionários trabalham 19,7
por cento das pessoas que recebem o SMN, enquanto nas empresas
com mais de 100 trabalhadores essa percentagem é de 1,5 por
cento.
Além das mulheres (uma em cada cinco), os trabalhadores
que mais auferem o SMN são os jovens com menos de 25 anos
(um em cada três), os trabalhadores com menos de cinco anos na
empresa (um em cada quatro), os não qualificados (um em cada
quatro), os praticantes e aprendizes (um em cada dois) e os
trabalhadores com menos de seis anos de escolaridade (um em cada
seis).
O SMN português continua a ser o mais baixo da União Europeia.