Homenagem a Lino
Lima
Uma
vida de luta pela liberdade
O camarada Lino Lima, que foi deputado pelo PCP à Assembleia da República entre 1976 e 1984, onde se destacou na qualidade de deputado não apenas pelas suas brilhantes intervenções como também por ser «um Homem de Convicções e um Homem de Carácter», foi alvo de uma sentida homenagem da Assembleia da República, que aprovou por unanimidade um voto de pesar pelo seu falecimento ocorrido no passado dia 6 de Janeiro.
Enaltecido no texto
é o seu percurso de «corajoso e lúcido combatente pela
liberdade e pela democracia» que o levou a envolver-se em todos
os grandes movimentos e lutas contra a ditadura fascista, com um
grau de empenhamento em defesa dos mesmos valores que prosseguiu
com igual intensidade depois do 25 de Abril.
Recordada no voto foi ainda a forma como as actividades
terroristas do Verão de 1975 o atingiram duramente. «O seu
escritório de advogado em Famalicão foi incendiado. Perderam-se
assim anos e anos de trabalho, de fichas, de memórias, de
estudos, de livros. Lino Lima teve de sair de Famalicão com uma
dor de que nunca se curou», lê-se no voto aprovado pelos
deputados, que regista ainda a homenagem que a Câmara Municipal
de Famalicão entendeu prestar-lhe há dois anos ao editar um
livro de «Discursos e Debates na Assembleia da República».
Como refere o voto, foi a «reparação possível» por esse acto
de terror, uma vez que - foi João Amaral a lembrá-lo ao falar
em nome da bancada comunista - «naquelas labaredas ardeu uma
vida de trabalho» e ainda hoje continuam «impunes oa
terroristas que atearam o fogo, como impunes estão os mandantes
que organizaram as acções terroristas».
Sublinhando a sua «coerência de ideias», que manteve até ao
fim da vida, e que reconhece ser «o maior elogio que se deve a
um cidadão», o voto de pesar afirma ainda que recordar Lino
Lima implica obrigatoriamente recordar a sua mulher Júlia,
«amiga e companheira de sempre», com quem partilhou «alegrias
e tristezas».