Intervenção de
Carlos Carvalhas na 4ª Assembleia Regional da ORL
O
país precisa de uma viragem à esquerda
Alqueva,
Rendimento Mínimo, IRS, pré-escolar, apoio aos toxicodependentes, 40 horas acção do PCP deixa marca positiva |
«A Assembleia Regional da ORL realiza-se num
ano político particularmente exigente.
As grandes batalhas que devem mobilizar todo o Partido são as
batalhas eleitorais para o Parlamento Europeu e para a Assembleia
da República.
Por isso as diversas iniciativas e actividades, quer as dirigidas
ao reforço do Partido contacto com os trabalhadores,
assembleias, dinamização de organismos de base quer as
comemorações das grandes datas (aniversário do Partido, 25 de
Abril, 1º de Maio), quer também a campanha de fundos e a Festa
do Avante!, quer ainda a actividade na Assembleia da República,
devem procurar mostrar nos contactos, no debate de ideias e nos
factos, com verdade a importância do reforço do PCP, a
importância da intervenção do PCP.
O país precisa de uma viragem à esquerda e não da
continuação da política neoliberal, da continuação da
política de concentração de riqueza, de acentuação das
desigualdades e de exploração, embora embrulhada numa retórica
discursiva de "preocupação com o social".
Nos discursos, temos as "lágrimas" para com os
desfavorecidos e os reformados. Na prática, os míseros
aumentos.
Enquanto no Orçamento o governo com o apoio do PSD e do PP
concede cerca de 300 milhões de contos de benefícios fiscais
às actividades especulativas e ao capital financeiro, para os
trabalhadores da Função Pública o governo acha-se muito
magnânimo, aumentando o salário mínimo em 4,1% e os
trabalhadores da Função Pública em 3%, deixando até
entender que se chegou a 3% por ser ano eleitoral, senão ainda
seria menos.
E toda a gente sabe que estes valores servem depois, como valores
de referência negativa para a política salarial no sector
privado.
Enquanto o governo prossegue o leilão de riquíssimas empresas
públicas entregando milhões aos grandes senhores do dinheiro,
estes impõem a lógica do máximo lucro em detrimento do
interesse público, isto é, à custa dos orçamentos familiares
e dos interesses dos serviços públicos.
É o caso, por exemplo, da energia eléctrica em que a EDP
tem de previsão de lucros vários milhões de contos e continua
a praticar tarifas das mais elevadas da União Europeia apesar da
diminuição verificada no seguimento da pressão e iniciativa do
PCP.
É também o caso, por exemplo, das telecomunicações em
que os portugueses pagam as tarifas da rede fixa mais caras da
Europa medido, em paridade de poder de compra, para que a
Portugal Telecom arrecade mais de 80 milhões de contos de lucro
em 1998.
Os factos são tantos e de tal ordem que são mesmo dirigentes
socialistas e analistas políticos da área socialista que
afirmam e cito "que o país não pode continuar a assistir
à mudança de governos mantendo-se a mesma política" ou
que, como diz outro socialista, para lá do "diálogo"
e da "sensibilidade social", não se vê em que é que,
no essencial das políticas públicas, a "nova
esquerda" que está no poder se distingue da "nova
direita" que esteve no poder.
Não somos nós, por exemplo, os que afirmam mas sim um analista
da área socialista, que diante dos empresários, o governo
parece uma múmia sorridente, ou que «o nosso país é na
Europa o mais inigualitário na distribuição de riqueza» como
afirmou recentemente no Porto, o deputado socialista António
Reis.
De facto na opinião do governo não há dinheiro para
aumentar condignamente os reformados, não há dinheiro para dar
resposta aos problemas de saúde e as listas de espera; para dar
resposta às necessidades de um melhor ensino; dinheiro que já
não falta para benefícios fiscais, para os perdões de dívida,
para as "negociatas" com o capital financeiro, para as
sucessivas derrapagens orçamentais: Linha do Norte, Gás,
saúde, JAE, EXPO, etc.
É por isso que não é de estranhar que Nogueira Simões
(vice-Presidente da CIP) tenha declarado a um Semanário
("Independente" de 31.12.98), que «no aspecto social,
este governo tem sido mais liberal que o anterior».
Grandes mistificações em curso
Durante este ano as
operações de mistificação e de cosmética vão intensificar-se.
Os partidos que constituem a AD tudo vão fazer para apagar
os seus conluios, as suas convergências, os seus apoios às
questões mais fundamentais do governo PS, a começar pelas
votações nos Orçamentos de Estado. E tudo vão fazer para
aparecerem agora em ano de eleições como grandes oposicionistas
à política do governo, como dois partidos com grandes
preocupações com o social, com os reformados, como os mais
desprotegidos, com os pobrezinhos.
Partidos que ao longo destes três anos nunca defenderam
qualquer aumento de salários, que pelo silêncio e não só,
sempre concordaram com os níveis salariais fixados para os
trabalhadores da Função Pública, que sempre estiveram de
acordo com os níveis fixados para o salário mínimo; que nunca
apoiaram qualquer greve, que nunca condenaram os milhões
entregues ao grande capital financeiro nas privatizações em
benefícios fiscais, querem agora aparecer muito preocupados com
os mais desfavorecidos.
Atente-se na demagogia do CDS/PP quanto às pensões de reforma.
O CDS/PP apregoou aos sete ventos que iria propor no
Orçamento do Estado para 1999 aumentos das pensões de reforma e
o seu Presidente de dedo em riste afirmava, com grande
cobertura televisiva, que com a sua proposta os reformados teriam
um Natal bem melhor!
Mas, de facto, a proposta que apresentou foi uma mistificação
que apenas servia interesses propagandísticos de natureza
eleitoralista. Jogando com a mentira aos reformados o que o
CDS/PP propôs foi em primeiro lugar, "que fica o governo
autorizado a..", isto é, não propôs o aumento das
pensões, mas sim que o Governo o poderia fazer... se ele,
governo o quisesse! Ora, isto não é nada, porque o
governo pode aumentar as pensões sempre que quiser, sem
necessitar da autorização do quer que seja e, nomeadamente, da
Assembleia da República. O aumento das pensões é um acto do
Governo que está sempre na disponibilidade da vontade política
deste do governo.
O segundo sofisma, a segunda mentira do CDS/PP é que
para além de deixar um hipotético aumento das pensões
de reforma dependente da vontade política do governo
condicionava esse eventual aumento das pensões à
"existência de poupança resultante da aplicação da
cláusula de reserva". Isto é, só haveria aumento das
pensões se houvesse poupança na dita cláusula de reserva. Se
não houvesse então não haveria qualquer aumento... mesmo que o
governo o quisesse fazer!
Mas mais. Como só no final da execução orçamental de 1999 se
pode saber se houve ou não houve qualquer poupança na
cláusula de reserva, isto significaria que mesmo que houvesse
poupança e o governo tivesse vontade política de fazer aumentos
de pensões, isso só seria possível no ano 2000, e não no
ano de 1999 como o CDS/PP tentou ludibriar os reformados.
Há de facto quem não tenha escrúpulos.
Certamente que vós estais de acordo que o PCP continue a
lutar por melhores reformas mas que recuse liminarmente a
demagogia, a mentira e a hipocrisia.
Mas não é só o PSD e o PP que vão intensificar a
demagogia. O PS vai também acentuar a retórica social; lançar
operações de cosmética (como foi o caso das quotas) para fazer
esquecer posições passadas (como foi o caso do aborto) e
disfarçar a sua ambição de poder absoluto, para ficar
com as mãos livres para prosseguir a sua política neoliberal.
Vai utilizar o aparelho de Estado e os meios do Orçamento para
as suas campanhas, tal como já está a fazer, e vai procurar
fazer esquecer as suas posições sobre as 40 horas, sobre o
aborto, as ameaças do pacote laboral, as promessas de paixão
sobre a educação, as promessas sobre a qualidade da justiça
para todos, as promessas de envolvimento das populações na
decisões sobre a defesa e promoção do ambiente; as promessas
da igualdade, entre homens e mulheres e que se traduziu em
políticas que na prática mantiveram discriminações no
trabalho, fragilizaram direitos e agravaram défices de
participação em igualdade.
Podemos dizer com verdade, que as mais importantes decisões,
propostas de lei e medidas mesmo parcelares, com um cunho
positivo tomadas por este governo, têm a marca da proposta, da
pressão, da intervenção e da luta dinamizada pelo PCP. Foi
assim com a decisão de se avançar com o Alqueva, com o
Rendimento Mínimo de subsistência, com o pré-escolar, com o
aumento extraordinário das pensões, com as alterações ao IRS
que vão permitir que pela primeira vez muitas famílias não
paguem imposto, com a rede nacional de apoio aos
toxicodependentes, com a redução do horário de trabalho para
as 40 horas, com a diminuição das tarifas de electricidade, com
o relativo protelamento do pacote laboral, com indemnizações a
agricultores.
Foi muito o que de positivo foi obtido e conquistado e muito
também, o que de negativo foi evitado e derrotado devido à
intervenção do PCP.
O PCP marcou a diferença na defesa de interesses concretos
dos portugueses, na condenação e denúncia dos aspectos mais
graves da política neoliberal do governo e mostrou que há outro
caminho além do rotativismo entre o PS e o PSD.
O reforço da CDU, a alteração da relação entre o número de
eleitos da CDU e do PS no sentido da CDU, é o factor
determinante para uma viragem à esquerda na política nacional.
Os que querem condenar a política de direita prosseguida pelo
PS, não se devem refugiar na abstenção mas sim reforçar com
um voto de afirmação aqueles que com coerência, com
persistência, com seriedade, com a firmeza de convicções
respeitarem os seus compromissos e lutem pelo aprofundamento da
democracia e pelo desenvolvimento com a sua dimensão social e
ambiental.
Da mesma maneira, dar mais peso à CDU no Parlamento Europeu
é dar força aos que defendem intransigentemente os interesses
nacionais, aos que entendem que Portugal não pode continuar a
assistir alegremente à liquidação da sua agricultura e das
suas pescas, aos que se batem por uma Europa com dimensão
social, aos que lutam pela renegociação do Pacto de
Estabilidade e pelo controlo democrático contra a ditadura do
Banco Central Europeu, aos que se empenham com outras forças
comunistas e progressistas, por um novo rumo na construção
europeia, uma Europa, uma Europa de emprego com direitos, de
justiça social, paz e cooperação.
Pelos
direitos conquistados
por novos direitos a luta continua
Por razões
históricas e pelo peso económico do distrito, o movimento
operário e sindical, continua a ter aqui um destacado papel no
desenvolvimento da acção e da luta social no grau de
organização e intervenção do movimento sindical e das
Comissões de Trabalhadores, no reforço da acção, da
organização e da influência do nosso Partido.
Temos a consciência das profundas alterações que se
verificaram nas empresas e sectores em resultado das
privatizações, da destruição do aparelho produtivo, da
substituição duma parte significativa da classe operária
combativa, consciente e possuidora de direitos por outra mais
recente, mais precarizada e mais ameaçada pela ofensiva a nível
das empresas e no plano legislativo.
Temos a consciência do peso da terciarização em crescendo, das
alterações de consciência e de valores, bem como da maior
"intelectualização dos processos produtivos". Isto
exige por parte do Partido, não a rotina ou o conformismo
perante as dificuldades, mas antes rasgo e audácia para
encontrar formas inovadoras de intervenção junto dos
trabalhadores, mantendo isso como linha de trabalho prioritária
conducente ao reforço da organização e recrutamento para as
fileiras do Partido de novos trabalhadores e de trabalhadores
novos.
A acção, a luta que se desenvolveu no Distrito de Lisboa
neste tempo que mediou desde a última Assembleia de
Organização Regional de Lisboa confirmaram as reais
possibilidades de tais objectivos.
A luta e as acções de massas promovidas pela União de
Sindicatos de Lisboa e Coordenadora das CTs da Região, as
poderosas greves de sectores de transportes, designadamente dos
ferroviários, da Carris, do Metro, da TAP e dos camionistas, a
novidade que constituiu a luta nos hotéis de Lisboa, a luta
entre outras, na Petrogal, na Petroquímica, dos trabalhadores do
Chiado, da Triunfo, das comunicações, da energia, das
cimenteiras, em muitas empresas metalúrgicas, a luta persistente
dos trabalhadores dos Cabos DÁvila, a luta dos
professores, dos enfermeiros, da Administração Central e Local,
partindo dos problemas concretos ou inseridos na luta mais geral
com destaque para a resposta notável contra o pacote laboral do
Governo PS, demonstraram que há um caminho a percorrer com
confiança pelo nosso Partido, visando o seu reforço e o aumento
da sua influência a todos os níveis.
Pelos perigos que decorrem dos novos desenvolvimentos do pacote
laboral em que o Governo PS avança agora com uma grave
alteração à Lei das Férias, a par da ameaça pendente da
proposta de trabalho a tempo parcial, importa que o nosso
Partido intervenha, esclareça, organize o protesto, não
tanto ou não só para que os trabalhadores reconheçam aos
comunistas o honroso papel de melhores lutadores, mas para que
lutem connosco, para que estejam connosco seja numa luta
concreta, seja na vida do nosso Partido, seja nos actos
eleitorais como garantia segura e sólida de que quanto mais
força tiver o PCP, melhor se concretizarão as suas
aspirações, melhor se defenderão os seus direitos.
A Lei das Férias é um monumento de hipocrisia e de cinismo,
que nem o cavaquismo no seu auge teve o desplante de avançar.
Não somos nós que o afirmamos.
Como entender, por exemplo, interroga-se o director do Diário de
Notícias, que «um governo do PS patrocine uma proposta de
alteração do regime de férias tão desfavorável para os
trabalhadores como é, de facto, a que veio a público há meia
dúzia de dias? Julgará o governo que não se percebe de
imediato, que este projecto acaba com a garantia dos 22 dias
úteis, em favor de um sistema que troca um eventual benefício
de dois dias úteis por uma penalização que pode ir até aos 12
dias úteis?»
De facto esta lei é uma vergonha, como vários camaradas aqui
referenciaram.
Quando se comemora o 25º aniversário do 25 de Abril, que
consagrou um mínimo de 21 dias de férias posteriormente
alargado para 22, o governo resolve liquidar este direito a quem
faltar por doença, a quem faltar por assistência à família
descontando nas férias e no subsídio de férias.
A regressão social aqui está, mais uma vez, pela mão do
PS.
Nós não ficaremos calados nem de braços cruzados. A denuncia e
a luta vai continuar até que esta lei seja remetida para o lugar
de onde nunca devia ter saído: o caixote do lixo.
Para aqueles que ainda querem acreditar que este governo tem uma
grande sensibilidade social, uma grande consciência social, tal
como ele se rotula a si próprio, aqui está mais um caso a
ilustrar o amplo desprezo que lhes merecem os trabalhadores e sobretudo
as jovens gerações de trabalhadores e trabalhadoras. Do
mesmo partido que deu o dito pelo não dito em relação ao
aborto, do mesmo partido que para efeitos eleitoralistas procurou
estabelecer as quotas para a participação da mulher na
Assembleia da República e no Parlamento Europeu, do mesmo
partido que ainda não regulamentou o projecto de lei do PCP
sobre "Protecção às mulheres vítimas de
violência".
Do mesmo partido que se orgulha privatizar mais que o PSD, que
fez a escolha da Bolsa e dos banqueiros e que portanto deixa à
margem os sindicalistas, os trabalhadores, os reformados.
Querem-nos fazer acreditar que este é o caminho possível,
que haverá amanhã mais crescimento... O que haverá sim é mais
pobreza, mais desigualdades, e ricos cada vez mais ricos. Nestes
dois anos aumentaram os bilionários e segundo a revista
"Fortuna" o valor do património líquido das 10
maiores fortunas do país passou de 1.612 milhões de contos em
1997, para 2.391 milhões em 1998!
Um aumento de fortunas, em milhões de contos superior a 30%!
E qual foi o aumento dos reformados, dos trabalhadores da
Administração Pública, dos assalariados em contos?
Se o mercado dita as leis sem constrangimentos, prevalece a
lei do mais forte, os meios urbanos serão ainda mais duros para
os pobres, os desenraizados e os que vivem nos subúrbios. Depois
surgirão as explosões sociais urbanas, os guetos das barracas e
dos bairros clandestinos, a marginalização, a insegurança, a
proliferação da droga e a xenofobia.
O económico e o social não são duas sequências separadas
como pretende fazer crer o Governo.
Um PCP mais forte
O novo impulso que
colectivamente decidimos no sentido do reforço da organização,
da renovação e do rejuvenescimento, teve na ORL avanços
importantes que devem continuar para abrir mais decididamente o
trabalho das organizações locais do Partido para os problemas
concretos dos trabalhadores e das populações .
As medidas tomadas pela ORL, nomeadamente a criação de
organismos específicos para a ligação aos trabalhadores, o
contacto com trabalhadores e trabalhadoras em centenas de
empresas do distrito, mostraram ser um caminho muito positivo e
de grandes potencialidades que é necessário prosseguir.
A acção em curso para o reforço da organização teve
também uma resposta em todo o Partido a nível nacional, que se
traduz já na realização de 200 Assembleias das Organizações,
o recrutamento de mais de 1.500 membros, cerca de 50% dos quais
com menos de 30 anos, o restabelecimento do contacto e ligação
de muitos camaradas.
E ter-se-ia ido mais longe se não se tivesse como tivemos, de
multiplicar as forças pelas diversas batalhas, como foi o caso
dos referendos. Fez-se um grande esforço que tem dado
resultados. Agora é necessário sustentar o já conseguido para
se partir para outro patamar do "novo impulso".
É necessário prosseguir com a renovação e o
rejuvenescimento com a responsabilização de mais camaradas, com
a dinamização dos organismos de base, com uma efectiva
ligação às populações, aos seus problemas e às suas
aspirações.
Para aqueles que gostariam de ver o partido acantonado,
desmobilizado, paralisado, também os comunistas de Lisboa
respondem com determinação e confiança voltados para fora e
para a intervenção, propõem-se entre outros grandes
objectivos, recrutar mais 250 novos militantes desde hoje até ao
25 de Abril; comemorar com força as grandes datas do 25 de Abril
e do 1º de Maio, realizar um grande jantar em 23 de Abril e
desenvolver com força a grande jornada de luta em 4 de
Fevereiro, pela contratação colectiva, contra o Pacote Laboral,
por mais direitos e mais salários.
As grandes linhas que os comunistas da ORL apontam para o
desenvolvimento do trabalho em relação à classe operária e
aos trabalhadores, quer em relação ao rejuvenescimento e
renovação, bem como à valorização dos militantes e à
necessidade de se encontrar as formas de envolver na
intervenção, no debate e trabalho concreto o maior número de
camaradas, são entre outras, linhas que me parecem de grande
importância. E do mesmo modo a necessidade que apontam de se
intensificar e elevar o nível de debate político e ideológico.
Como aqui afirmou na intervenção inicial o camarada Andrez,
"temos no Partido capacidades que estão longe de estar
aproveitadas". Há que aproveitá-las.
Como todos sabemos a organização não é um fim, mas tão
somente um poderoso instrumento que permite dar corpo aos nossos
ideais, que tal como vocês afirmam no vosso projecto de
Resolução Política, constituem um projecto longo de
emancipação social, mas que animam e marcam a intervenção
quotidiana dos comunistas, nas pequenas e grandes lutas, do
presente, pela defesa dos direitos conquistados, pela conquista
de novos direitos, pela satisfação de novas aspirações e por
uma efectiva cidadania democrática.
À beira do século XXI, há fundadas razões para se lutar
com determinação pela transformação social, com as massas
populares que são uma força decisiva nessa transformação.
À beira do século XXI, há fundadas razões para se afirmar que
para se realizarem as ideias humanistas é preciso tornar humanas
as condições em que o homem vive.
À beira do século XXI, em que o capitalismo está de novo e
em cada vez mais regiões mergulhado numa profunda crise
financeira e económica, há fundadas razões para pensarmos que
é possível construir uma sociedade mais humana, mais justa e
mais fraterna, em que o livre desenvolvimento de cada um seja a
condição do livre desenvolvimento de todos.
À beira do século XXI, há fundadas razões para afirmar que
há neste país uma grande força política necessária e
insubstituível, que trava as batalhas do momento tendo por
horizonte o socialismo, um grande e generoso colectivo de homens,
mulheres e jovens que não baixa as bandeiras da liberdade, da
democracia, da fraternidade, de justiça social, o Partido
Comunista Português!»