Serviços
dos notários e transportes
Aumentos
são escandalosos
Os aumentos das tabelas dos serviços dos notários, em vigor desde os finais de 1998, estão a gerar «uma onda de indignação à medida que vão sendo conhecidos», diz o Gabinete de Imprensa do PCP, em nota à comunicação social.
O PCP considera
«escandalosas» as novas tabelas de serviços notariais, tanto
no registo civil, como no registo predial, no registo
comercial ou de automóveis. É, porém, na tabela de emolumentos
do notariado que os aumentos são «mais
chocantes», indo dos 50% aos 500%! Uma escritura, por
exemplo, que custava 1.600 escudos custa agora 10.000 escudos e
«até pelo simples reconhecimento de assinatura se desembolsa
agora 500 escudos quando anteriormente eram 180 escudos».
«Mas a tabela é também injusta porque, a par dos benefícios
com que brinda os grandes empresários, faz recair sobre o
cidadão comum a injustiça de pagar o que àqueles dispensa.»
Assim, enquanto uma fusão de sociedades que envolva, por
exemplo, 30 prédios pode, «por simples requerimento, nos termos
do Orçamento do Estado, ficar isento do pagamento de quaisquer
emolumentos», uma escritura de partilha de dois prédios pagará
20.000 escudos de emolumentos.
Para o PCP estes «aumentos escandalosos» estão
relacionados com a intenção do Governo PS - com o apoio do PSD
e do PP, já expressos em debate parlamentar - de «privatizar os
serviços públicos de notariado, privando o Estado de receitas
públicas importantes».
Onerando principalmente os cidadãos comuns, o Governo prepara
«manifestamente a privatização no notariado», ainda «com o
cinismo de querer inculcar que é a sua actual natureza pública
que é responsável pelos aumentos», quando a privatização
«é feita principalmente para servir os interesses daqueles que
se dedicam a grandes negócios».
Ao mesmo tempo que «denuncia e protesta vivamente contra estes
injustificáveis aumentos», o PCP assegura que tudo fará para
que «as actuais tabelas sejam objecto de alterações e para que
a justiça seja reposta».
Transportes públicos
Em relação ao
aumento dos transportes públicos, que entraram em vigor a partir
de 1 de Fevereiro, o PCP considera que «o Governo não teve em
conta na decisão dos valores das tarifas a importância dos
transportes públicos no plano social, na qualidade de vida, na
protecção do ambiente e os níveis de preços já praticados.
Os aumentos decididos - acima da taxa de inflação quer em
bilhetes quer em passes sociais - inserem-se antes «numa
política de fazer recair os encargos sobre aqueles que vivem do
seu trabalho».
«Se tivermos em conta que de 95 a 98 (no fundamental
correspondendo ao período de governação do PS) os passes
sociais tiveram um aumento de 14,8% e no mesmo período a
inflação, segundo os números do IPC/INE, registou um valor de
12,4%, concluímos que, sem contar com o aumento de 1999, o
agravamento dos passes já ficava acima do verificado no índice
de preços ao consumidor.»
Apesar desta situação, diz o PCP, reclamando uma política de
preços de transportes públicos que se insira «na promoção do
transporte colectivo», o Governo PS decidiu agravar o custo dos
passes sociais acima da previsão da inflação para 1999,
«situação tanto mais criticável quanto se verificou uma
redução dos preços da electricidade e do gasóleo, reduzindo
por esta via custos de exploração.»