Agenda 2000
Alargamento
da União Europeia
deve ter fundos adicionais
Os deputados do PCP na Assembleia da República e no Parlamento Europeu realizaram, na terça-feira passada, uma reunião conjunta para aprofundarem as questões essenciais relacionadas com a Agenda 2000 e equacionarem as soluções que melhor defendam os interesses de Portugal.
A reunião analisou
as incidências para Portugal das soluções que venham a ser
adoptadas no quadro da Agenda 2000 e considerou que esta é
«indissociável» do processo de Alargamento da União Europeia,
tendo importantes reflexos para o nosso País, designadamente no
âmbito dos Recursos Financeiros da UE, dos Fundos Estruturais,
do Fundo de Coesão e da Política Agrícola Comum.
Realçando os estudos que apontam Portugal como o país que mais
sofrerá com o alargamento da União, Carlos Carvalhas - que
apresentou as conclusões do encontro - referiu que ele acentua
objectivamente o carácter periférico da economia portuguesa,
uma vez que os novos Estados passam a concorrer com o nosso País
em vários sectores produtivos e na captação de investimento,
dificultando a abertura de novos mercados às empresas
portuguesas.
Portugal «não deve obstar» à possibilidade de outros países
aderirem à União Europeia mas o Governo português «tem a
obrigação» de exigir que o alargamento se faça em
articulação com a defesa dos interesses e direitos do País.
Nomeadamente no momento em que os países mais ricos da UE, em
particular a Alemanha, tendo conseguido a hegemonia política e
económica com a criação da moeda única, aparecem a defender
estritamente os seus interesses nacionais.
Para o PCP é, pois, essencial que o Governo português seja
intransigente com a defesa do princípio da coesão económica e
social e com a necessidade de o alargamento ser feito acompanhado
de meios financeiros adicionais.
Em relação aos recursos próprios comunitários, os
comunistas entendem que eles deverão ver aumentado o seu limite
actual de 1,27% do PNB», sendo a contribuição para esses
recursos assente num sistema progressivo baseado no PNB de cada
Estado-membro.
No que respeita aos Fundos Estruturais, Portugal «deve
opor-se» à redução do seu montante global a preços
constantes, à introdução do critério da taxa de desemprego na
afectação de verbas e à exclusão da Região de Lisboa e Vale
do Tejo do Objectivo 1.
Quanto ao Fundo de Coesão - praticamente garantido -, em
caso algum poderá ser apresentado como compensação para
eventuais cedências noutros domínios.
No que concerne à Política Agrícola Comum, é imperioso
recusar qualquer renacionalização dos seus custos e
salvaguardar a especificidade da agricultura portuguesa,
exigindo-se a reformulação do actual modelo da PAC e das
Organizações Comuns de Mercado, de forma a permitir o
reequilíbrio dos apoios entre agricultores, produções e
países.
O PCP reconhece que, no âmbito da Agenda 2000, Portugal «está
confrontado com um processo negocial difícil» mas critica o
Governo português pelo que «parece ser a ausência de uma
estratégia negocial». Considerando, porém, que está «em
causa uma questão nacional de grande importância», defende «o
profundo empenhamento de todas as instituições e forças
políticas e sociais na defesa dos interesses do País». Por seu
lado, o PCP continuará empenhado em intervir com vista a um novo
rumo para a integração europeia.