O primeiro euro
e a INCM


«No dia em que se iniciou a produção do euro em Portugal, chamamos a atenção dos representantes governamentais e da comunicação social para a situação do trabalhador que cunhou os primeiros euros, o qual aufere um salário de 138 mil escudos, enquanto na Irlanda esse mesmo trabalhador ganharia 315 mil escudos, na vizinha Espanha 348 mil e, por exemplo, na Alemanha, 638 mil», afirma a Comissão de Trabalhadores da Imprensa Nacional Casa da Moeda, numa exposição que divulgou anteontem.

A CT considera que este é um «momento histórico» para a INCM e para Portugal, interpretando a escolha para a cunhagem de euros como uma consagração do prestígio construído ao longo de anos. Contudo, expressa o seu protesto por continuarem sem resposta as questões que a CT colocou a responsáveis do Governo e da empresa, a propósito do despacho do ministro das Finanças, de 5 de Setembro, sobre as orientações estratégicas da INCM para o período até 2001, e onde Sousa Franco perspectiva a alteração do estatuto de empresa pública para sociedade anónima, «abrindo o caminho, como já aconteceu em outras empresas, à privatização».
Tal posição do Governo é, para a CT, «surpreendente», uma vez que o próprio despacho considera que a INCM «não é uma empresa-problema», «tem mantido rentabilidade (suportando mesmo esforços de capitalização, como o fundo de pensões), tem conservado e, por vezes, melhorado padrões historicamente elevados de segurança e qualidade, vem mantendo um bom clima social e presta serviços positivamente avaliáveis ou mantém posições fortes e prestigiadas no mercado». O ministro afirma mesmo, acrescenta a CT, que a INCM «no âmbito da União Europeia e, claramente, também em muitos casos a nível mundial, ocupa um dos primeiros lugares em várias actividades».

A privatização, reafirma a CT, «põe em causa os direitos dos trabalhadores e o serviço prestado pela INCM», «pelo menos, não nos foi demonstrado o contrário».


«Avante!» Nº 1314 - 4.Fevereiro.1999