Carreiras
da administração pública
Contra
a arrogância do Governo
em defesa de propostas justas
O Grupo Parlamentar do PCP vai reapresentar em sede de debate na especialidade as propostas da sua autoria sobre a estruturação de carreiras da Administração Pública que a Assembleia da República já aprovou mas que o Governo recusou incorporar no decrecto-lei que elaborou sobre a matéria. O anúncio foi feito pelo deputado comunista Alexandrino Saldanha, na passada sexta-feira, no decorrer da apreciação parlamentar (ratificação) suscitada pela sua bancada ao referido diploma.
Ao ignorar as
alterações que a Assembleia da República entendeu aprovar, o
Governo, no entender do Grupo comunista, evidenciou um completo
desrespeito pelas competências e atribuições que estão
constitucionalmente cometidas àquele órgão de soberania.
Em causa, recorde-se, estão três alterações do PCP aprovadas
pelo Parlamento a uma autorização legislativa que veio a
materializar-se na Lei nº 77/98, alterações essas que o
Governo decidiu não acatar quando redigiu o decreto lei nº
404-A/98, invocando, para o efeito, custos alegadamente
incomportáveis. Tal argumento acabaria por cair por terra, como
demonstrou Alexandrino Saldanha, ao lembrar que os custos reais
ficarão bastante aquém dos dois milhões de contos, de acordo
com as contas feitas pela Federação dos Sindicatos da Função
Pública, número este significativamente muito abaixo dos 50
milhões de contos anunciados pelo Executivo.
Introduzindo todas elas melhorias significativas nas relações
dos trabalhadores da Função Pública, uma das propostas
consubstancia a garantia de acesso ao final da carreira com a
inclusão da dotação global, deste modo eliminando as anomalias
e injustiças relativas existentes.
Relevo merece igualmente a proposta que antecipa de quatro para
três anos o período necessário para efeitos de progressão
automática nas carreiras horizontais, havendo ainda a destacar a
proposta que prevê que a aplicação da alteração aos corpos e
regimes especiais da Função Pública seja retroactiva a Janeiro
de 1998.
No debate da semana transacta, em que repudiou a atitude do
Governo por considerar que a mesma configura um manifesto
desprezo pela «vontade política manifestada pelo Parlamento»,
Alexandrino Saldanha anunciou ainda uma quarta proposta da sua
bancada relativa à aplicação do novo regime às autarquias
locais. Trata-se da transferência de verbas necessárias ao
aumento das despesas resultantes da aplicação do diploma, uma
vez que a aprovação deste foi posterior à aprovação dos
orçamentos das autarquias e estas não podem afectar mais de 60
por cento das despesas com o pessoal.