Governo «conivente» com repatriação


O procurador da República nos Açores admitiu que «cerca de dois mil» cidadãos de origem portuguesa que se encontram em prisões americanas pudessem ser este ano deportados para Portugal.

A declaração, feita a um jornal quando da sua deslocação a Washington para a participação de um seminário relacionado com criminalidade e imigração, é considerada pela Direcção da Organização na Emigração do PCP como «extremamente preocupante». Quer pela sua dimensão; quer pelas consequências sociais negativas para as regiões de acolhimento (uma das principais os Açores), sem condições económicas nem estruturas para assegurar a integração dos indivíduos atingidos; quer, ainda, pela desumanidade da medida, que expulsa cidadãos para terras que lhes são estranhas e cuja língua muitas vezes não dominam, cortando-lhes todos os laços familiares, designadamente com filhos e cônjuges.
É, pois, «urgente», dizem os comunistas, que o Governo português acabe com a «passividade» e «conivência» que tem tido para com a orientação do Governo dos EUA nesta matéria - desresponsabilizar-se da recuperação e integração de cidadãos que foram educados e são fruto da sociedade norte-americana -, e recuse a «falsa» solução da deportação como forma de recuperar e integrar esses cidadãos.


«Avante!» Nº 1316 - 18.Fevereiro.1999