Governo recusa propostas da Frente Comum
Administração Pública
responde com a luta


No final de uma reunião com o Governo, na semana passada, em que deveriam ser discutidas as propostas da estrutura mais representativa dos trabalhadores do Estado, Paulo Trindade salientou a «inflexibilidade» do Governo, que, mesmo com uma proposta pecuniária mais baixa, não alterou a sua posição quanto à questão salarial.

O porta-voz da Frente Comum de Sindicatos alega que esta, nas posições que apresentou dia 10, teve em conta um documento apresentado pelo Governo de «meras intenções», a 25 de Janeiro, e que propôs a «solidificação desse documento, que seria credibilizado através de duas medidas imediatas em relação às carreiras mais degradadas».
É o caso, refere a notícia da Agência Lusa, da alteração da carreira do pessoal auxiliar, em discussão na AR, e que deveria ser de imediato aceite pelo Governo, mas que foi lamentavelmente rejeitada, sublinhou Paulo Trindade. Outra questão fundamental para a Frente Comum é o índice 100 (o salário mínimo praticado na Função Pública), que cada vez mais se afasta do salário mínimo nacional. A solução passa, segundo os sindicatos, por um aumento mínimo de 4 mil escudos por trabalhador.
Paulo Trindade adiantou que estão já previstas na Administração Local lutas em torno, nomeadamente, do subsídio de insalubridade, penosidade e risco e, no âmbito da Administração Central, estão também previstas lutas do pessoal não docente das escolas e dos trabalhadores auxiliares da Saúde.
Estes últimos tinham convocada para ontem uma concentração-vigília junto ao Ministério da Saúde, como forma de protesto pela não publicação do diploma que consagra as carreiras profissionais. O responsável da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública para esta área, Paulo Taborda, recordou à Lusa que o diploma começou a ser negociado com o Governo em 1993, tendo sido obtido um consenso em Dezembro de 1996.
Para ontem estava também agendada uma reunião com a ministra, de cujo resultado depende a decisão de desencadear uma greve dos cerca de 30 mil trabalhadores auxiliares da Saúde, paralisando diariamente uma instituição durante todo o mês de Março.


«Avante!» Nº 1316 - 18.Fevereiro.1999