Estação da Reboleira
Valeu a pena lutar


A abertura da estação da Reboleira foi festejada, com champanhe, às zero horas de dia 8, pela Comissão de Utentes e mais de quatro dezenas de pessoas presentes. O coroar de uma luta que se tem vindo a desenvolver ao longo de meses e irá prosseguir, como novas exigências. Com um objectivo único – pelo bem-estar da população.

No próprio dia da abertura da estação da Reboleira, o PCP divulgou um comunicado sublinhando a razão essencial desta vitória. Que por inteiro se deve a uma população que «não se deixou enganar e decidiu – em unidade, com firmeza e determinação – lutar por um direito, consciente de que os seus destinos não podem ser geridos ao sabor de interesses alheios aos seus».
Um facto já antes sublinhado pela Comissão de Utentes quando anunciou que, na sequência de uma reunião, em 1 de Fevereiro, entre a REFER, o presidente da Câmara Municipal da Amadora, presidentes das Juntas de Freguesia, e um elemento da Comissão, tinha sido finalmente confirmada a abertura da estação.
Simultaneamente, a Junta de Freguesia da Reboleira reafirma que continuará a exigir medidas já antes apresentadas, em particular: a abertura ao trânsito da ligação entre a Av. do Brasil e a Av. D.Carlos I; o estabelecimento de carreiras de transportes públicos, com terminal na estação da Reboleira; policiamento permanente na zona da estação; iluminação pública de toda a zona envolvente; segurança rodoviária para a protecção dos peões nas avenidas D. José I e D.Carlos I.
Por outro lado, foi nestes dias lançado um abaixo-assinado dos moradores da zona limítrofe à linha ferroviária, a exigir a instalação de painéis de insonorização ao longo da via férrea. Ontem mesmo decorreu uma Assembleia de Freguesia extraordinária, para discutir a estação da Reboleira.

A verdade dos factos

No decorrer das obras da estação da Reboleira, a Junta de Freguesia foi sempre informada de que haveria uma fase de funcionamento provisório, para permitir a desactivação da estação da Damaia. Em Setembro, os jornais transcreviam a afirmação do presidente da Câmara da Amadora de que «não permitiria a abertura de nenhuma das novas estações sem que os arranjos exteriores estivesses concluídos». Afirmação que se viria depois a repetir.
Em Outubro, notícias surgidas nos órgãos de informação e contactos informais com a REFER, responsável pela obras, apontavam no sentido da abertura da estação nesse mesmo mês.
Em Janeiro deste ano a população foi confrontada com o encerramento da estação da Damaia (velha) e a entrada em funcionamento da estação de Santa Cruz/Damaia, sem que idêntica medida tivesse sido tomada em relação à estação da Reboleira. Uma situação que agravava, em muito, as dificuldades de acesso à linha de Sintra para a população da Reboleira, obrigada a percorrer diariamente percursos muito maiores para apanhar transporte.
Entretanto - como foi denunciado em conferência de imprensa da Comissão de Utentes em 31 de Janeiro – a situação da estação de Santa Cruz/Damaia, quando abriu, acumulava problemas e falhas. Uma escada rolante que «é pura miragem», uma passagem superior provisória de acesso que «não oferece condições de segurança e é inacessível a idosos e a deficientes». E ainda «a lama e a terra solta no acesso junto ao aqueduto», uma «realidade difícil de... pisar».
Um quadro perante o qual surgiu naturalmente a pergunta: «se são estas as condições mínimas que a REFER e o Presidente da Câmara consideram necessárias para a abertura e funcionamento de uma estação, então porque não foi aberta também a Reboleira?»

Um mês de luta

Por iniciativa de um grupo de utentes e com o apoio da Junta de Freguesia e da Comissão de Freguesia da Reboleira do PCP, são tomadas então uma série de medidas.
De par da distribuição de comunicados, é lançado um abaixo-assinado dirigido à REFER, e uma carta individual de utentes ao presidente da Câmara da Amadora, a exigir a abertura imediata da estação.
Dia 24, realiza-se uma concentração de moradores, junto à estação, com a participação de largas centenas de pessoas. É então formada a «Comissão de Utentes da Estação da Reboleira», para acompanhar e dinamizar a luta pela abertura imediata da estação.
Foi igualmente decidido dar um prazo de 8 dias à CP/REFER, para proceder à abertura, ainda que provisória, da estação e dinamizar um abaixo-assinado nesse sentido.
Em carta dirigida ao presidente da Câmara da Amadora, a Comissão de Utentes sublinha que a população decidiu «encetar novas formas de luta a partir do prazo referido, caso os seus objectivos não sejam alcançados».
Dia 31 de Janeiro, e enquanto se multiplicam contactos com as várias entidades envolvidas no processo, decorre nova concentração de moradores, em que é aprovada uma resolução em que se reafirma a determinação de continuar a luta.
Dia 1 de Fevereiro são entregues 954 assinaturas do abaixo-assinado dirigido à REFER, pela abertura imediata da estação e 162 cartas dirigidas ao presidente da Câmara (o seu número já ultrapassa hoje as 500).
Finalmente, dia 3, surgem as primeiras notícias sobre a abertura antecipada da estação. Em todas as portas da Zona Centro e Sul da Reboleira, é afixado um comunicado da Comissão de Utentes, Valeu a pena lutar pela abertura da nossa estação.


«Avante!» Nº 1316 - 18.Fevereiro.1999