1ª Assembleia
Regional do Alentejo
Nova
Organização
para intervir com eficácia
Os comunistas no Alentejo contam agora com uma nova organização regional, cuja direcção foi eleita no passado domingo, durante a 1ª Assembleia, realizada no Pavilhão do Bacelo, em Évora, com a participação do secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas.
Na abertura dos
trabalhos, José Soeiro, membro da Comissão Política e
responsável do Partido no Alentejo, afirmou que a 1ª Assembleia
marca uma «nova etapa» do Partido na região «culminando o
trabalho desenvolvido ao longo dos últimos cinco anos entre a
direcção nacional e as direcções regionais de Beja, Évora,
Portalegre e Setúbal com vista à criação da Organização
Regional do Alentejo».
Como explicou, o Partido dispõe agora de uma nova estrutura
organizativa na região constituída pelas já existentes
organizações de Beja, Évora e Portalegre e pela nova
Organização do Litoral Alentejano que integrará os concelhos
de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e
Odemira, cuja direcção deverá ser eleita no próximo dia 15 de
Maio, data em que se realizará a sua 1ª assembleia. A nova
estrutura é coordenada pela Direcção Regional do Alentejo, a
qual, salientou José Soeiro, se coloca como objectivo «imprimir
uma nova dinâmica na actividade, melhorando a ligação aos
trabalhadores e às populações, para o reforço e alargamento
da organização e da influência social e eleitoral do
Partido».
A nova direcção, eleita com seis votos contra e 10
abstenções, é composta por 25 camaradas, número limitado que
obedeceu a critérios aprovados anteriormente, em reuniões de
quadros, designadamente a disponibilidade dos seus membros e
funcionalidade do órgão.
Como explicou José Soeiro, a nova direcção «não é um
órgão federativo, onde têm de estar representadas todas as
organizações e sectores do Partido», mas sim um órgão que
deve conciliar «uma grande capacidade de análise e elaboração
com uma grande capacidade de execução».
Elevar a militância
A melhoria do
trabalho de direcção passa ainda, entre outros aspectos, pelo
regular funcionamento das quatro organizações, que deverão
reunir sempre que necessário com a Direcção Regional do
Alentejo; pela realização anual do encontro de quadros, que
fará o balanço da actividade e aprovará o plano de
actividades; e pela criação de grupos de trabalho em áreas
como autarquias, sindicatos, agricultura, juventude, mulheres,
ensino, cultura, informação, entre várias outras.
Porém, para o fortalecimento e alargamento da influência do
Partido, considerou José Soeiro, é fundamental que
organizações de base aumentem a sua intervenção, fomentem a
responsabilização individual dos militantes, a par do reforço
do trabalho colectivo. «Não há nada em nossa opinião que
justifique que uma célula, um sector, ou organização de
freguesia não faça todos os anos a sua assembleia, eleja o seu
organismo de direcção e que este eleja o coordenador que
dinamize o seu funcionamento», afirmou.
A Resolução Política aponta igualmente seis outras
orientações de trabalho: «ganhar a juventude»; «reforçar o
movimento operário e popular»; «alargar o espaço unitário da
CDU», «prosseguir a notável obra dos comunistas e outros
democratas da CDU no Poder Local»; «rejuvenescer e reforçar a
estrutura»; mobilizar todo o Partido par uma forte intervenção
nas eleições para o Parlamento Europeu e para a Assembleia da
República».
Promover
o desenvolvimento
Ao fim três anos de
governo PS, os grande problemas económicos, sociais e
demográficos do Alentejo persistem, surgindo mesmo novos
fenómenos de pobreza e exclusão. O fracasso das políticas
governativas é reconhecido pelo próprio Plano Regional de
Emprego para o Alentejo (PREA), recentemente divulgado. Este
documento oficial constata que «a conjuntura económica do
Alentejo tem vindo a apresentar, nos últimos anos, uma
tendência de continuada evolução desfavorável face às
restantes regiões do Continente».
Em resultado da desertificação que tem continuado a população
do Alentejo é hoje igual à de 1920. A taxa de desemprego é a
mais elevada do País e estimam-se em perto de 40 mil os que
procuram trabalho. Contudo, apenas 35 por cento recebem subsídio
de desemprego, não sendo portanto de estranhar que o rendimento
mínimo garantido seja aplicado a um universo que ronda as 20 mil
pessoas.
Certo é que os paliativos assistencialistas jamais poderão
inverter esta tendência de empobrecimento, exigindo-se, como
sublinha a Resolução Política, «políticas de desenvolvimento
económico e social estruturais que ataquem o mal pela raiz».
Mas não tem sido essa a opção do Governo, que nem sequer está
a cumprir os investimentos previstos para o Alentejo no 2º
Quadro Comunitário de Apoio. Segundo dados da Direcção Geral
de Desenvolvimento do Alentejo, de um total de 544 milhões de
contos previstos para investir, apenas foram aprovados projectos
no valor de 244,5 milhões de contos, sendo que deste total,
entre 1994 e 1997, apenas foram investidos 96,47 milhões de
contos.
A falta de meios financeiros leva ainda a que não sejam
aprovados os projectos apresentados pelas câmaras municipais,
num valor de cerca de 25 milhões de contos, no âmbito do
Programa Operacional da Região Alentejo.
Propostas com futuro
É neste quadro que
a Assembleia aprovou várias propostas para o progresso da
região, das quais José Soeiro destacou três ideias essenciais:
a elaboração de um plano estratégico de desenvolvimento
integrado; uma política social mais justa e o reforço dos meios
financeiros para a região; uma descentralização que valorize o
papel das autarquias e das regiões de turismo e permita a
democratização e maior transparência das Comissões de
Coordenação Regional e dos Governos Civis.
Neste sentido, a Assembleia lançou um desafio «às principais
entidades e forças representativas da região para que se
definam estabeleçam linhas e áreas de acção e de
convergência concreta em seis domínios: na estratégia de
desenvolvimento regional; nas políticas activas de redução do
desemprego estrutural, de combate à pobreza e à exclusão
social e de melhoria dos rendimentos dos sectores mais
desfavorecidos; na maximização do efeito dos grandes
investimentos públicos; nas questões da estrutura fundiária e
do modelo agrícola a desenvolver na área beneficiada pelo
empreendimento do Alqueva; na definição de medidas para a
captação activa de investimentos nacionais, comunitários e
outros; na intervenção institucional nas instâncias regionais
nacionais e comunitárias.
A Resolução propõe também que «o Conselho da região do
Alentejo, no qual têm assento autarcas eleitos dos diversos
quadrantes políticos, assuma o impulso e a coordenação para o
arranque da elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento
Integrado para o Alentejo».
«São dois desafios que exigem respostas claras e concretas»,
frisou José Soeiro salientando que a Direcção Regional irá
promover «um conjunto de encontros e debates com forças
políticas, organizações representativas da vida económica
social e cultural do Alentejo» e com a população, para debater
os problemas da região e as propostas saídas da Assembleia do
PCP. Estas iniciativas culminam no Encontro Regional da CDU,
marcado para 17 de Abril, onde será aprovada a Carta Magna
Eleitoral.
_____
Extractos
da intervenção de Carlos Carvalhas
A opção da
mudança
(...)
Para que quer o PS o poder absoluto?
A ambição do PS é evidente: o "poder absoluto". O PS quer a "maioria absoluta" para ter o "poder absoluto". E quer ter a maioria absoluta não por causa da estabilidade. Isso é "conversa da treta". Quer ter a maioria absoluta para ficar com as mãos mais livres para continuar a sua política de "jobs for the boys", isto é, prosseguir com a distribuição de tachos pelos que têm cartão rosa. Quer o poder absoluto para prosseguir a política de concentração de riqueza. Quer o poder absoluto para se desresponsabilizar ainda mais das funções sociais do Estado na saúde, educação, segurança social!
Por sua vez a AD, porque não oferece nenhuma alternativa real à política do PS visto que nas questões mais fundamentais estão de acordo e porque os portugueses ainda se lembram da política cavaquista, não representa qualquer perigo de regresso ao Governo.
Neste quadro, todos aqueles que se sentem defraudados com a política do PS, todos aqueles que entendem que Portugal necessita de uma mais justa distribuição do rendimento nacional, de empregos com direitos, de melhores reformas e pensões, de um desenvolvimento regionalmente equilibrado, da defesa intransigente dos interesses nacionais têm uma escolha segura e certa que é reforçar com o seu voto o PCP e a CDU.
Os jovens, os agricultores, os trabalhadores rurais, os pequenos comerciantes, os trabalhadores da Administração Central e Local, os trabalhadores em geral e os reformados que entendem que a voz das suas justas reivindicações e aspirações necessita de ter mais força política, têm no reforço do PCP e da CDU essa concretização.
Aqueles que entendem que o país precisa de uma política de esquerda a sério, que o país precisa de desenvolvimento com uma efectiva dimensão social e ambiental, que o país precisa de seriedade na intervenção política e não de politiqueirices, não dão nenhuma contribuição à mudança refugiando-se na resignação, no conformismo, no "não vale a pena" mas sim reforçando a força que sempre esteve e está com o povo e com as suas lutas, o PCP, a CDU.
O país não está condenado ao rotativismo entre o PS e o PSD, não está condenado entre a política neoliberal praticada pelo PSD e a política neoliberal praticada por um governo com a etiqueta socialista.
Há outra opção, a opção da CDU.
É preciso que cada português compreenda que também está nas suas mãos, através da sua opção de voto a mudança de política. O voto no PCP e na CDU tem sempre uma dupla utilidade, derrota a política de direita e força uma viragem à esquerda na política nacional.
E isto é assim tanto para as "legislativas" como para as "europeias".
Muitos portugueses interrogam-se sobre a utilidade de votar para um órgão que fica lá longe, que é pouco conhecido da opinião pública, que não se sabe bem o que faz e para que serve.
É preciso chamar a atenção que também para a resolução dos problemas quotidianos dos portugueses a atitude útil não é a resignação ou o encolher de ombros, mas sim dar força nestas eleições aqueles que defendem os interesses nacionais e que defendem uma Europa social e ecológica, uma Europa democrática, uma Europa solidária e de paz.
Um rumo progressista para a construção europeia é uma exigência de combate que corresponde aos interesses da maioria dos portugueses.
A mobilização de todo o Partido para estas eleições e desde já é da máxima importância. É necessário que todos e cada um dos activistas e amigos da CDU se consciencialize que o resultado vai depender em muito da nossa intervenção, do nosso empenhamento e da capacidade de mobilização daqueles que em nós confiam.
O PCP não se tem poupado a esforços no sentido de encontrar soluções justas para Portugal desenvolvendo um intensíssimo trabalho no Parlamento Europeu e no país em defesa da produção nacional, do aumento do poder negocial do país e da coesão económica e social na União Europeia.
(...)
É com a cabeça levantada que vamos disputar estas eleições sabendo que daqueles que detém o poder não vamos encontrar isenção e igualdades de oportunidades.
Na verdade as actividades da CCRA, do Pró-Alentejo e dos governadores civis mostram que estas instituições se comportam como autênticas correias de transmissão do PS e das suas acções de campanha eleitoral.
Algumas destas intervenções são um autêntico escândalo. É o que se chama servir-se do aparelho do Estado para fins claramente partidários.
Com a aproximação das eleições já se está a intensificar o corrupio de membros do Governo no Alentejo, a multiplicação de promessas e a utilização dos "sacos azuis".
Aquilo que criticavam ao PSD fazem-no ainda com mais desfaçatez.
(...)