Aumentam as
dívidas à Segurança Social
Mais 33
milhões
em apenas 9 meses
O patronato continua a dever cada vez mais dinheiro à Segurança Social, denunciou na semana passada a CGTP-IN, num comunicado em que considera «imoral» esta situação.
No final de 1997, o
valor das dívidas patronais à Segurança Social situava-se em
365 milhões de contos. Mas, feitas as contas até Setembro de
1998, este valor subiu para 398 milhões.
O comunicado da central sindical, que se reporta a estatísticas
do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social relativas
ao Continente, cita também uma análise feita recentemente pelo
Tribunal de Contas, em que se verifica que no plano de
recuperação de dívidas nos anos de 1996 e 1997, do número
total de devedores, apenas 10 por cento aderiram às facilidades
concedidas e, desses, só 6 por cento (ou seja, cerca de 10 mil
devedores) cumprem, o que «demonstra mais uma vez a falência
deste tipo de soluções para recuperar as dívidas», afirma a
CGTP, denunciando que «os contribuintes devedores aderem aos
esquemas de regularização para daí retirarem benefícios (e,
nomeadamente, programas e apoios comunitários) e de seguida
entram sistematicamente em incumprimento».
Os maiores
O aumento da dívida
verificou-se, sobretudo, nas regiões do Norte e de Lisboa e Vale
do Tejo. Quatro sectores concentram quase 60 por cento da
dívida: indústrias têxteis, de vestuário e calçado (26,5 por
cento), comércio (15,7 por cento), construção e obras
públicas (8,3 por cento) e indústrias metalúrgicas, sem
metalurgia base, (8 por cento).
Até final de Junho, num total de quase 280 mil devedores, os
contribuintes com débitos inferiores a mil contos eram 65235,
havendo ainda 26483 com dívidas entre mil e 5 mil contos, 6654
com dívidas entre 5 e 10 mil contos, e 4246 com débitos de
valores entre 10 e 20 mil contos. Mas os dados oficiais
registaram ainda 2798 empresas com dívidas entre 20 e 50 mil
contos, 807 empresas devedoras de verbas entre 50 e 100 mil
contos, e 404 que deviam mais de cem mil contos. Destas,
190 são do sector têxtil e vestuário, e as restantes do
comércio, restaurantes e hotéis, serviços à colectividade e
fabricação de produtos metalúrgicos.
A CGTP-IN considera que «não é admissível o aumento da
dívida à Segurança Social, tanto mais que a economia tem tido
nos últimos anos um forte crescimento». «O patronato tem usado
a Segurança Social como se de uma Banca se tratasse, sem pagar
juros» denuncia a central, registando que «os diversos governos
nunca tiveram uma política preventiva» e até tiveram «uma
certa permissividade», que se reflecte no facto, verificado pelo
Tribunal de Contas, de que os serviços da Segurança Social
demonstram incapacidade de resposta credível face ao requisito
legal de prova da situação contributiva regularizada, exigida
aos fornecedores de bens e serviços da Administração Pública.
Lembrando que o Governo do PS «prometeu agir nesta matéria», a
CGTP conclui que o executivo «só evidencia publicamente a
fiscalização aos beneficiários, nomeadamente, sobre baixas
por doença, como se fossem eles "os maus da fita", e
nunca se refere ao patronato e às suas dívidas». «É
verdadeiramente imoral a situação das dívidas, tendo em conta
que as contribuições são para financiar um sistema de
protecção de riscos sociais», protesta a CGTP.