Desarticulação
sai cara à CP


O reconhecimento de que foi seguida uma opção errada para a modernização da Linha do Norte, os rumores de alienação a privados de alguns segmentos de actividade e o atraso na estação do Cais do Sodré são casos que, tal como «outros que diariamente acontecem, estão «intimamente ligados ao modelo de gestão que o Governo adoptou e que criou, entre outras coisas, uma desarticulação entre os diversos sectores de actividade do sistema ferroviário».

Esta opinião da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Ferroviários Portugueses foi dada a conhecer na semana passada, numa nota à comunicação social, em que a Comissão Executiva daquela estrutura sectorial da CGTP comentava o impasse, revelado publicamente, dos responsáveis da Refer quanto à modernização da Linha do Norte. «Tal como os técnicos da CP tinham advertido, sem conseguirem ser ouvidos, a plataforma geológica onde assente a velha Linha do Norte não oferece condições mínimas de consistência nem estabilidade necessárias para velocidades da ordem dos 220 km/h», constata a FSTFP, lembrando que «os engenheiros da casa defendiam que a referida plataforma não oferecia as condições mínimas de segurança, pelo que optavam pela construção de uma nova linha, ficando a velha a funcionar como alternativa estratégica».
Perante o reconhecimento, agora generalizado, de que foi errada a opção pelos «doutos pareceres de técnicos estranhos à CP, que se fizeram pagar a peso de ouro», a federação nota que «os senhores administradores e os senhores governantes que tomaram a decisão errada vão continuar a viver nas calmas, sem que ninguém lhes peça contas».


«Avante!» Nº 1318 - 4.Março.1999