Projecto de
resolução do PCP aponta caminho
Firmeza
negocial na Agenda 2000
Firmeza negocial, com empenho e mobilização de todos os órgãos de soberania e do povo português, para que sejam salvaguardados os interesses vitais do nosso País no quadro da Agenda 2000, eis, em síntese, o sentido do Projecto de Resolução subscrito pelo Grupo Parlamentar do PCP e aprovado faz hoje oito dias pela Assembleia da República.
Reflectindo o que
já em 11 de Fevereiro resultara do debate suscitado pela bancada
comunista no Parlamento sobre esta matéria, o documento agora
votado favoravelmente por todos os partidos da oposição (só o
PS votou contra) defende que a estratégia negocial não deve
abdicar da defesa do princípio da coesão económica e social
como princípio estruturante da União Europeia, admitindo, na
hipótese de um cenário final desastroso para o País, que
deverá ser dado uso ao direito de veto.
«O alargamento não pode significar uma Agenda 2000 penalizadora
de Portugal e outros países "fracos" dos actuais 15»,
assinalou a propósito o deputado comunista João Amaral, antes
de sublinhar a necessidade de que «todos os países da União
Europeia compreendam que Portugal não pode votar a favor de uma
Agenda 2000 que traia os seus interesses vitais».
Em causa estão, recorde-se, um conjunto de questões propostas
pela Comissão Europeia que, a serem aprovadas, consubstanciariam
efeitos devastadores para o nosso País. Depois de verberar o
Governo pela forma demasiado fechada como este conduziu o
processo negocial, confinando-o ao secretismo dos gabinetes,
João Amaral resumiu o que considerou serem as questões-chave
nele presentes.
Desde logo, realçou, está a redução em termos reais do actual
nível de financiamento do País, designadamente em matéria de
fundos estrurais, uma hipótese que do ponto de vista do PCP é
totalmente inaceitável.
Por outro lado, no que se refere às receitas da União Europeia,
«impõe-se uma correcção que introduza a justiça contributiva
que hoje não existe (Portugal com 1,2% do PNB da União
contribui com 1,4% das respectivas receitas)», do mesmo modo que
é um imperativo, noutro plano, «defender o acesso da Região de
Lisboa e Vale do Tejo aos seus actuais níveis de financiamento
em fundos estruturais». «A cosesão faz-se na prosperidade das
Nações e não de regiões isoladas», observou João Amaral,
para quem a paralisação do desenvolvimento de Lisboa, como
região determinante para o País, seria desastrosa para o todo
nacional.
Vertidas no projecto de resolução estão também as
preocupações do Grupo comunista relativamente à Reforma da
PAC. As especificidades da agricultura portuguesa e
mediterrânica têm que ser atendidas, da mesma forma que tem de
ser prestada atenção à valorização do mundo rural, lembra
João Amaral, que entende ser «absolutamente inaceitável
qualquer transferência dos encargos da PAC para os diferentes
países», na medida em que isso representaria «uma
sobrepenalização para Portugal, país já fortemente penalizado
com o actual modelo da PAC».