Homenagem a Octávio Pato


A Assembleia da República prestou «sentida homenagem» ao camarada Octávio Pato, recentemente falecido, aprovando por unanimidade um voto de pesar no qual são relevadas as suas qualidade de «cidadão vertical e destacado obreiro da democracia portuguesa».

«Octávio Pato foi durante toda a sua vida um exemplo de persistência, audácia, coragem, coerência e de firmeza de convicções, na luta pelo que considerava melhor para o seu País e para o povo a que pertencia", salienta o voto apresentado pelo PCP e a que todo o Parlamento se associou.
Sobre esta «grande e respeitada figura de militante e dirigente comunista durante quase seis décadas», recordada é a sua candidatura à Presidência da República, bem como o papel por si desempenhado enquanto deputado, primeiro na Assembleia Constituinte, liderando o Grupo Parlamentar do PCP, e depois à Assembleia da República, entre 1976 e 1991, onde integrou a bancada comunista.
O voto, lido por Almeida Santos, lembra igualmente o comportamento exemplar de Octávio Pato nas cadeias fascistas e as barbáras torturas a que foi sujeito pela PIDE. «Impedido de dormir durante 18 dias e noites seguidos e quatro meses incomunicável, recusou-se a responder a quaisquer perguntas», sublinha o texto, antes de recordar o espancamento de que foi alvo «no decorrer do próprio julgamento no Tribunal Plenário de Lisboa pela corajosa denúncia que aí fez da actuação da polícia política e da natureza fascista do regime».
«Talvez nunca se tenha assistido, nos negros anos do fascismo em Portugal, "a um julgamento tão duro nem a um comportamenrto tão heróico e coerente"», salienta ainda o voto de pesar, no qual é simultaneamente reconhecida, noutro plano, a sua «inestimável contribuição para a consolidação da Revolução do 25 de Abril e para o processo que se lhe seguiu de democratização de Portugal».


«Avante!» Nº 1318 - 4.Março.1999