Indignação pela prisão de Ocalan


Palavras de indignação e revolta pela prisão do dirigente curdo Abdullah Ocalan ecoaram no Parlamento. Visados foram não apenas os «métodos de banditagem» empregues pelas autoridades turcas, como também o que o deputado comunista João Amaral classificou de «comportamento hipócrita e interesseiro da União Europeia».

«Abdullah está preso nas mãos da temível polícia turca porque vários países da União Europeia o permitiram, ou pior, o quiseram, incapazes de defenderem com coerência e firmeza os direitos humanos», acusou João Amaral na declaração política que proferiu, em nome do PCP, numa das sessões plenárias da semana transacta.
Foi um grito de viva condenação e de revolta o que se fez ouvir da tribuna pela actuação cruel mantida pelas autoridades Turquia contra um povo que busca o seu destino e a defesa da sua identidade e direitos.
Perante a arrogância da Turquia e no momento em que a vida do dirigente do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) corre sérios perigos - e este foi o apelo deixado por João Amaral -, decisiva e urgente é a intervenção activa da União Europeia no sentido da defesa dos direitos humanos dos curdos.
Quando ainda estão por esclarecer os contornos que rodearam a prisão do dirigente curdo, bem como o papel neste capítulo desempenhado por alguns países, com destaque para a Alemanha, os EUA ou Israel, a intervenção da da União Europeia assume no entender do PCP uma importância fundamental, sobretudo para a libertação de Ocalan «como passo para a paz e para encontrar uma solução política para a questão curda».
Uma solução que respeite a vontade indomável dos curdos de encontrarem o seu espaço próprio e a quem, como recordou João Amaral, foi prometido há cerca de oitenta anos, após a I Grande Guerra, com a assinatura do Tratado de Sévres por ingleses, franceses e outros Estado aliados, a criação do Curdistão.


«Avante!» Nº 1318 - 4.Março.1999