Paraguai
Processo
contra Presidente Cubas
A Corte Suprema de Justiça do Paraguai solicitou a abertura de um processo contra o Presidente da República, Raúl Cubas Grau, pelo não cumprimento da sentença judicial que condenou o general Lino César Oviedo e o coronel José Manuel Bóbeda a 10 e a três anos respectivamente pela tentativa de golpe de Estado de Abril de 1996.
Cubas é acusado de
«frustração de persecução e execução penal» por não
cumprir a ordem do Tribunal Judicial. O presidente acusa a Corte
Suprema de «intromissão nas atribuições privadas do
executivo» e afirma que Oviedo e Bóbeda estão em liberdade
não por decisão presidencial, mas pela sentença do Tribunal de
Justiça Militar, instância inferior à Corte Suprema.
Na sua qualidade de Comandante-Chefe das Forças Armadas, Cubas
tem de cumprir as ordens da Corte contra os golpistas, mas
recusa-se a fazê-lo. O presidente é amigo de Oviedo e tornou-se
candidato do Partido Colorado às eleições presidenciais devido
à prisão deste, o candidato original. Uma das bases da sua
campanha foi a promessa de libertação do seu antecessor.
Na sexta-feira, a organização Jovens pela Democracia organizou
um desfile pelas ruas de Assunção reivindicando o julgamento
político do presidente e a prisão de Oviedo, bem como o
respeito pela Constituição, pelo Estado e pelos direitos
humanos. Os jovens pedem ainda o cumprimento da decisão da
Corte, a livre expressão e a livre circulação.
Entretanto, os deputados paraguaios responsabilizam Cubas dos
males do país. «Creio que este Parlamento, integrando as duas
câmaras, está à altura das circunstâncias e permanece
coerente com o mandato recebido do povo. A classe política
sentada em ambas as câmaras vai formar uma barreira inquibrável
para que nenhum messianico possa consumar os seus sonhos de
hegemonia», afirmou o senador liberal Francisco José de Vargas.
Cubas em ilegalidade funcional
Em entrevista ao
diário paraguaio Noticias, o presidente do Conselho de
Magistratura, Federico Callizo Nicora, defende que actualmente
existe uma quebra do Estado de Direito por desconhecimento da
soberania da Justiça, particularmente devido ao caso
Cubas/Oviedo.
Na opinião de Nicora, o presidente Raúl Cubas, apesar da sua
legitimidade de origem, transita para um caminho de ilegalidade
funcional. Esta situação pode inclusivamente levar o país para
a ilegalidade.
«Devemos resgatar a legitimidade de origem das nossas
autoridades, na medida em que o presidente Cubas é um legítimo
presidente de origem. Mas ele lamentavelmente está a cair no
caminho da ilegalidade funcional», afirmou.
O presidente do Conselho de Magistratura considera que se trata
de «uma crise que começa por ser política, digamos em sua
própria raíz, para depois ramificar-se em todos os aspectos que
nos está afectado no âmbito financeiro, económico e social».