Petrogal
Mais
uma luta vitoriosa
Por Delfim Mendes
Os trabalhadores da Petrogal, depois de terem cumprido dois dias de greve (28 e 29 de Janeiro passado) com uma grande adesão que provocou a paralisação das refinarias do Porto e de Sines e das várias linhas de abastecimento de combustíveis, e de terem mostrado que estavam firmemente determinados a realizarem uma nova e grande greve nos dias 17, 18 e 19 de Fevereiro, obrigaram a Administração da empresa a abandonar a sua intransigência negocial que mantinha há mais de 6 meses e a evoluir positivamente nas suas propostas.
Tendo em conta esta
evolução e as novas propostas apresentadas pela Administração
(ver resultados até agora alcançados pela luta noutro local
desta página), a FEQUIMETAL, junto com o SINQUIFA e o
SINORQUIFA, decidiu levantar a grave convocada para os dias 17,
18 e 19 de Fevereiro, por considerar que, com tais propostas,
embora ainda insuficientes para resolver o conflito, ficaram
criadas as condições para retomar o processo negocial.
Recordamos que na base desta luta estavam várias
reivindicações, entre elas um aumento salarial mínimo de 10
000$00 para 1999, a redução do tempo de trabalho para as 38
horas semanais, um prémio de produtividade com base nos lucros
da empresa, um subsídio de perigosidade e penosidade, um plano
de carreiras para todos os trabalhadores, a melhoria do subsídio
de turnos e a valorização do trabalho prestado em turnos para
efeitos da antecipação da reforma e da formação do
complemento da pensão paga pela Petrogal.
O processo ainda não chegou ao fim, mas tendo em conta os
resultados até agora alcançados pode afirmar-se, desde já, que
mais uma vez valeu a pena lutar.
Resposta magnífica dos trabalhadores
Recordamos que este
processo já decorre há mais de 6 meses e que ao longo deste
tempo a Administração andou a fingir que estava disponível
para negociar as várias revindicações sindicais. A verdade,
porém, é que tudo fez para fugir à sua satisfação, mesmo
durante os dois dias da greve, com comportamentos altamente
condenáveis, de que são exemplo:
A divulgação de comunicados a distorcer a sua verdadeira
posição e tentar denegrir os Sindicatos;
A tentativa para afastar a Comissão Central de
Trabalhadores da mesa de negociações;
A proibição, pela primeira vez na vida da empresa, de
uma reunião de representantes de trabalhadores na refinaria de
Sines convocada pela Comissão Central de Trabalhadores para
analisar a situação do processo negocial;
A decisão unilateral de, através de Ordem de Serviço,
implementar aumentos salariais discriminatórios e um prémio de
produtividade chantagista condicionado à existência de paz
social, numa altura em que essas matérias estavam a ser
discutidas na mesa de negociações;
A permissão para, durante a greve, chefias dos Parques
realizarem sozinhos e sem a devida preparação operações de
enchimento de carros-tanques, pondo em risco a segurança de
pessoas e bens;
A chamada da GNR ao Parque do Porto Brandão para tentar
intimidar o piquete de greve e desmobilizar os trabalhadores da
luta.
As provas provadas
Com esta luta, os
trabalhadores da Petrogal voltaram a fazer um sério aviso à
Administração e provaram mais uma vez que, firmes e unidos, é
sempre possível atingir os objectivos que perseguem.
Provaram a sua grande força, força que foi capaz de obrigar a
Administração a ter em conta as suas reivindicações.
Provaram também que, ao contrário do que alguns dizem, a
Administração não faz tudo o que quer e que, afinal, também
é possível os trabalhadores imporem a sua vontade.
Provaram igualmente que, ainda que estejam filiados em Sindicatos
diferentes, os seus interesses são os mesmos e que é lá, no
local de trabalho, em torno de objectivos comuns, que os
trabalhadores forjam a unidade e fazem a luta, independentemente
da vontade dos seus Sindicatos.
Provaram ainda que só com a luta é possível alcançar as suas
reivindicações e que vale sempre a pena lutar.
Entretanto, é justo salientar o importante trabalho que tem sido
desenvolvido pela comissão central de trabalhadores, funcionando
não só como principal pólo aglutinador da unidade de todos os
trabalhadores mas também como catalisador da luta. Aliás, não
foi por acaso que a Administração, com a ajuda das
organizações da UGT, tudo fez para a afastar da mesa de
negociações.
Sempre os mesmos
Conforme já é
habitual, sobretudo quando as coisas aquecem, também neste
processo as organizações da UGT não deixaram os seus créditos
por mão alheias e, no momento mais crucial das negociações,
mandaram às urtigas a vontade e os interesses dos trabalhadores
e abandonaram a luta. Enfim, cumpriram mais uma vez o papel
histórico para que foram criadas.
Na verdade, ao recusar subscrever o último pré-aviso de greve
para os dias 17, 18 e 19 e dispondo-se a discutir sozinhos com a
Administração, as organizações da UGT e seus amigos não só
traíram as expectativas dos trabalhadores e o seu grande
sentimento de unidade como funcionaram mais uma vez como a muleta
da Administração, ajudando-a na tentativa de levar por diante
os seus objectivos, ou seja, dividir os trabalhadores,
enfraquecer a sua luta e não satisfazer as suas justas
reivindicações.
Tal prática não resultou, pois além de não conseguirem
dividir os trabalhadores, as tais organizações da UGT mereceram
de todos eles, incluindo dos seus filiados, uma firme
condenação e a Administração acabou por ser obrigada a ter em
conta as reivindicações sindicais.
Só se espera agora é que os trabalhadores nelas filiados não
se fiquem pela mera condenação e venham a filiar-se nos
Sindicatos que mais uma vez deram provas de serem os únicos
capazes de defenderem firmemente os seus direitos e interesses,
ou seja, o SINQUIFA e o SINORQUIFA.