Precariedade
faz subir
acidentes de trabalho
O relatório Olaja sobre segurança e saúde no trabalho, discutido na passada semana em Bruxelas, mostra que a melhoria das condições de trabalho é essencial para a redução do número de acidentes e saúde dos trabalhadores.
Considerado
«excelente» pelo deputado do PCP Sérgio Ribeiro, o relatório
sublinha que «algumas formas de condições de trabalho
atípicas e a subcontratação têm contribuído para um aumento
dos acidentes de trabalho», instando por isso a Comissão a
levar os Estados membros a cumprir as directivas comunitárias
sobre esta matéria e a controlar rigorosamente a sua
aplicação.
Sérgio Ribeiro lembrou a propósito que nos países da União
Europeia morrem por ano quase 8 mil trabalhadores em acidentes de
trabalho e que 10 milhões sofrem acidentes ou doenças
profissionais.
Para o deputado português «esta situação tem de ser encarada
de forma séria e responsável», considerando que deve ser
«dado maior relevo à consideração e actualização da
directiva 92/57» sobre a higiene, segurança e saúde no local
de trabalho.
Embora ressalve que a mera transposição de directivas não é
suficiente, o deputado comunista salienta no entanto que este é
um passo importante: «Pensamos que uma das nossas batalhas deve
ser a de lutar pela transposição para as ordens jurídicas
internas de directivas que se estimem relevantes e controlar sua
aplicação prática».
Em relação a Portugal, Sérgio Ribeiro recorda que os deputados
do PCP exigiram a aplicação da referida directiva através de
perguntas, na sequência de «graves acidentes em estaleiros da
construção civil ocorridos em Portugal, em Outubro de 1994 e
Março de 1995, tendo o Governo transposto a directiva em Julho
de 1995».
Também a partir do caso das tendinites na Ford Electrónica
Portuguesa, de Setúbal, os deputados do PCP têm dirigido
perguntas à Comissão, designadamente em Novembro de 1995 e em
Janeiro de 1997. «E não deixaremos de insistir» afirmou
Sérgio Ribeiro, acrescentando que é necessário contrariar a
evolução nesta área.
Concretamente, o deputado defende que a revisão do quadro geral
da reorganização do trabalho e cita M. Juncker que, quando
estava na presidência luxemburguesa do Conselho, afirmou: «as
políticas de fragilização e de precarização dos vínculos
contratuais de trabalho traduzem-se por um aumento do número de
acidentes de trabalho; e a precariedade é a condição de
trabalho que mais gravemente atenta contra a saúde e a
segurança dos trabalhadores».
Sérgio Ribeiro refere ainda o relatório sobre reorganização
do trabalho, pelo qual é responsável, lamentando que o
documento não possa ir a plenário por falta de tempo. As
questões que aí tratadas «são de indiscutível e prioritária
importância pois têm a ver com as condições, a duração, os
vínculos laborais, dando particular relevo à segurança e
saúde no trabalho».