Portugal 2000
Diálogo
e debate à esquerda
Um «genuíno esforço de diálogo e de debate à esquerda, respeitador da pluralidade das expressões e das diferenças, em que o PCP assume também as suas próprias posições.» Assim decorreram as iniciativas Portugal 2000, nas palavras de Carlos Carvalhas, proferidas na sessão de encerramento que decorreu no passado dia 4 e que fez um balanço do processo iniciado em Junho do ano passado.
Na sessão -
dirigida por Helena Serôdio e em que participou também Oliveira
Baptista -, Edgar Correia, membro da Comissão Política do CC do
PCP, expôs um «breve balanço» dos debates e do «interesse e
acolhimento muito favoráveis» que «encontrámos por toda a
parte». Edgar Correia referiu-se às trinta e cinco iniciativas
levadas a cabo, sublinhando que, embora a maior parte haja sido
realizada em Lisboa, «os debates do Portugal 2000
desdobraram-se, igualmente, por outras regiões, do Norte ao Sul
do país: dois em Setúbal, três no Alentejo, cinco em Coimbra,
dois no Porto, um em Faro e outro em Castelo Branco». «Ao
todo», revelou, «integraram os painéis dos debates cento e
trinta individualidades, tendo algumas delas participado em mais
de uma iniciativa». Problemas da economia e do desenvolvimento,
questões sociais, laborais e ambientais, temas como a
educação, a ciência e a cultura, as questões da liberdade, da
democracia e da reforma do Estado, a integração europeia e,
ainda, debates centrados sobre a afirmação de um projecto de
esquerda e de poder, constituíram, ao longo dos meses, pólos de
reflexão e de troca de opiniões cujo balanço foi considerado
positivo.
Agradecendo a participação de todos, o Secretário Geral do
PCP, por sua vez, relembrou que «a recusa frontal a um
rotativismo centrado no PS ou no PSD, que não se distingue nas
políticas fundamentais mas que apresenta diferenças apenas em
aspectos específicos, conduziu o PCP - na linha das
orientações aprovadas no seu XV Congresso e na reunião do
Comité Central de Fevereiro passado - a assumir a necessidade de
afirmação alternativa de um projecto de esquerda e de poder,
que suporte a perspectiva, a possibilidade e a luta pela
concretização de um novo rumo democrático para Portugal».
«Caracterizámos a realização desse objectivo como processo.
Falámos em movimento. E na necessidade de percorrer um
caminho», disse o dirigente comunista, que se referiu ao
diálogo e debate à esquerda, como processo «conducente, no seu
desenvolvimento, ao apuramento substantivo de políticas, e à
construção de pontes e de convergências».
«Um movimento», especificou, «aberto à sociedade e às
forças, posicionamentos, ideias e aspirações que nela se
manifestam criticamente em relação ao neoliberalismo,
estreitamente ligado a toda a dinâmica social, com um destaque
muito particular para a intervenção e a luta dos trabalhadores
e da juventude. E um caminho para cujo percurso é indispensável
assegurar a contribuição activa do PCP, inseparável do seu
reforço, bem como a participação de muitos socialistas e de
outros democratas, além de importantes forças sociais, que
inscrevem a sua intervenção no vasto e diversificado campo da
esquerda.»
Assinalando que nos debates havidos se haviam verificado
«importantes aproximações de pontos de vista no que respeita
às orientações e às medidas políticas que foram
defendidas», Carlos Carvalhas não deixou de falar das
diferenças, as maiores das quais surgiram «ao nível da
própria intervenção e da convergência das forças,
sensibilidades e correntes políticas da esquerda».
O Secretário Geral do PCP, que sublinhou a vontade de
prosseguir, no futuro, o diálogo e o debate, referiu-se depois
às próximas e importantes batalhas eleitorais e à necessidade
de «dar força aos que trabalham e lutam, de forma consequente e
incansável, pela concretização de uma convergência de
esquerda, que suporte a concretização de uma verdadeira
alternativa de esquerda à actual política».