Chiado,
Aljustrel, Sacavém
Anos
e anos à espera
Os trabalhadores das Pirites Alentejanas decidiram marcar uma greve para ontem, a partir das 10 horas, como protesto simbólico contra a sempre adiada reabertura das minas de Aljustrel, cuja laboração foi interrompida em Maio de 1993, mantendo-se desde então congelados os salários.
Um dirigente do
Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira disse à
Agência Lusa que os trabalhadores «já não têm pachorra para
mais delongas do Governo e da administração». António Banza
condenou o «discurso pré-eleitoralista» do ministro da
Economia, que disse em Sines, na altura da visita do Presidente
da República ao porto, que as Pirites ainda iriam este ano
retomar a extracção de minério, «mas a administração
continua a agir como se a sua missão fosse o fecho da mina».
«O Governo apenas é rápido a passar das palavras aos actos
quando é para benefício do patronato», protestou António
Banza, repudiando a ofensiva legislativa do executivo PS e a fuga
do patronato à negociação da contratação colectiva.
Já na madrugada de sábado, terminou em Loures um plenário com mais de duas centenas de ex-trabalhadores da Fábrica de Loiças de Sacavém, encerrada em 1989. No local da fábrica já se ergue uma urbanização de apartamentos de luxo, e a venda dos terrenos terá rendido cerca de 800 mil contos, mas os salários em atraso e as indemnizações aos trabalhadores continuam por pagar. A Lusa, que refere declarações de responsáveis da CT e do Sindicato da Cerâmica do Sul, informa que o plenário decidiu interceder junto do Presidente da República, do primeiro-ministro e do ministro da Justiça, para que urgentemente sejam pagas as dívidas aos trabalhadores.
Trabalhadores da zona incendiada do Chiado, que perderam o trabalho no incêndio de 1988, concentraram-se anteontem na Praça do Município, para exigir do presidente da CM de Lisboa uma pronta intervenção no sentido de ser cumprida a decisão correspondente à moção aprovada em Agosto passado pela CML, decidindo o desbloqueamento de uma verba do Fundo Extraordinário de Apoio à Reconstrução do Chiado para o pagamento das indemnizações devidas aos funcionários dos estabelecimentos destruídos.