Bens da Regina com venda adiada


Por erros verificados no arrolamento dos bens da Fábrica de Chocolates Regina que deveriam ser vendidos na passada quinta-feira, não se concretizou a hasta pública marcada para o 6º Bairro Fiscal de Lisboa. Mas os próprios responsáveis das Finanças notaram que, ultrapassadas as irregularidades processuais, a penhora e venda deverá avançar, a não ser que sejam emitidas ordens superiores.

As informações foram dadas aos representantes dos trabalhadores da Regina, no decorrer de uma concentração junto à Repartição de Finanças. Alfredo Cataluna, da Federação dos Sindicatos das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos, disse ainda ao «Avante!» que, ainda durante a concentração, os trabalhadores decidiram marcar (para anteontem) uma manifestação junto da residência do primeiro-ministro e prosseguir com o calendário de luta aprovado em plenário, no dia 25 de Fevereiro, onde se inclui uma acção, hoje, junto ao Ministério da Economia.
Os trabalhadores, a federação e o STIAST/CGTP reclamam medidas que assegurem a viabilização da Regina e exigem que o Governo cumpra e faça cumprir as leis. Causa especial preocupação, quanto ao futuro da fábrica, o facto de a marca «Regina» estar a ser produzida na Imperial (empresa do Grupo RAR, de Macedo Silva, o empresário-mor que surgiu este fim-de-semana entre os notáveis conselheiros de Paulo Portas e do CDS/PP) e comercializada pela «Nova Rainha», uma sociedade constituída pelos gestores da Regina, apontados como os principais responsáveis pela situação da fábrica de Alcântara.
A viabilização da Regina e o papel do Governo neste processo foram questionados na AR pelo deputado comunista Alexandrino Saldanha, em requerimento dirigido aos ministérios da Economia e do Trabalho. O parlamentar do PCP lembra que, passados mais de três anos sobre as promessas do Governo quanto ao empenhamento na viabilização da empresa, os trabalhadores «vêem ainda mais agravada a sua situação de insegurança no emprego e estão sem receber salários desde Janeiro de 1998, altura em que a empresa deixou de laborar».
«Vai o Governo obrigar a gerência a cumprir os compromissos a que se obrigou, na presença de representantes do IDICT?» - pergunta Alexandrino Saldanha, que quer também saber «que medidas pensa o Governo tomar para viabilizar a Fábrica de Chocolates Regina e garantir os direitos dos seus trabalhadores, designadamente o recebimento dos salários em atraso e a manutenção dos postos de trabalho».


«Avante!» Nº 1319 - 11.Março.1999