Em projecto
de lei do PCP
Reforço
dos direitos sexuais e reprodutivos
A inclusão obrigatória de um programa de educação sexual nos ensinos básico e secundário, adequado aos vários níveis etários, constitui uma das várias medidas previstas em projecto de lei do PCP destinado a reforçar as «garantias do direito à saúde reprodutiva». A desenvolver nas diversas disciplinas vocacionadas para uma abordagem sobre esta matéria, os conteúdos da informação a transmitir aos jovens estudantes deverão resultar da colaboração estreita entre as unidades de saúde, associações de estudantes, pais e encarregados de educação.
Na base desta
iniciativa legislativa, ontem discutida em plenário, está a
consideração de que um altíssimo grau de irrealização
continua a marcar os direitos sexuais e reprodutivos dos jovens.
Para a bancada comunista, não obstante o tempo decorrido (15
anos) desde a aprovação da Lei sobre educação sexual e
planeamento familiar, a verdade é que neste capítulo muito
está ainda por fazer.
No caso da educação sexual, para sermos mais rigorosos, está
mesmo tudo por fazer, porquanto, como salienta a nota preambular
do diploma, a lei «não foi posta em execução». No que toca
ao planeamento familiar, por seu lado, apesar dos passos
importantes que foram dados, «é ainda muito insuficiente e
desigual nos vários pontos do País a divulgação e aplicação
de políticas na área do controlo de nascimentos».
O motivo de preocupação maior no que se refere aos jovens
reside, entretanto, na perspectiva do PCP, na elevada taxa de
gravidez na adolescência, que continua a ser uma das mais altas
da União Europeia, apesar da diminuição que se tem vindo a
registar.
Esta realidade é indissociável da ausência de educação
sexual nas escolas, traduzindo-se em graves danos para os jovens,
que assim se vêem cerceados do «exercício de direitos humanos
como são os direitos sexuais e reprodutivos», direitos estes
que, entre tantos outros, «fazem parte do direito à vida, do
direito à liberdade e segurança, do direito à privacidade, do
direito à saúde, do direito da mulher à igualdade».
Trata-se, pois, em
síntese, com este diploma, de reforçar o combate ao aborto
clandestino, prevenindo a saúde sexual, e garantindo
simultaneamente os direitos sexuais e reprodutivos.
Um objectivo tanto mais importante de alcançar quanto é certo
que, por um lado, se têm assistido a retrocessos na aplicação
da actual lei sobre interrupção voluntária da gravidez e, por
outro, tem vindo a tornar-se evidente a perda de interesse pela
questão da educação sexual e planeamento familiar por parte da
direita e de sectores do PS que utilizaram este tema como arma de
recurso por ocasião do referendo sobre a interrupção
voluntária da gravidez.