A
NATO...
ou a NATO
«Acredito que a NATO deve actuar dentro da estrutura da ONU, mas podem existir ocasiões em que agiremos apenas com o consenso dos membros da NATO, se existir um obstáculo no Conselho de Segurança» - as palavras são de Javier Solana, secretário-geral da Nato, e não deixam dúvidas quanto às intenções da Aliança Atlântica no respeitante ao Kosovo.
Com ou sem luz verde
da ONU, com ou sem acordo de Belgrado, a NATO vai avançar para o
terreno. A única dúvida que se levanta é se o fará com ou sem
ataques às estruturas de defesa jugoslavas.
Esclarecedora é também a postura da NATO face à ONU: sempre
que se levante a possibilidade de intervenções militares serem
postas em causa pelo Conselho de Segurança através do direito
de veto de membros permanentes, como é o caso da Rússia e da
China na questão do Kosovo, os dirigentes da Aliança Atlântica
pura e simplesmente ignoram as decisões das Nações Unidas e
agem por conta própria. O que é uma forma de afirmar que ou a
ONU se submete às decisões da NATO ou então não lhe é
reconhecida qualquer importância.
Já não é só de arrogância, prepotência, depudor que se
trata. É de pura pirataria orquestrada pelas potências
ocidentais sob a batuta dos EUA.
A reunião semestral dos chefes dos estados-maiores (CEMA) dos
países-membro da NATO realizada ontem e anteontem em Bruxelas,
dedicada ao Kosovo, serviu justamente para acertar as agulhas de
mais uma ingerência travestida de manutenção da paz.
Presentemente estão estacionados na Macedónia e preparados para
entrarem na província sérvia 6.000 homens; são a
guarda-avançada de uma «força de paz» com a NATO prevê
atingir um total de 26.000 efectivos.
De acordo com todas as declarações feitas até ao momento, a
NATO está preparada para apoiar militarmente um acordo de paz,
ou bombardear alvos sérvios se for imputada a Belgrado (como
será sempre em qualquer circunstância) a responsabilidade no
fracasso das conversações.
A NATO garante que os militares estarão no terreno quer Slobodan
Milosevic consinta à partida, quer depois dos bombardeamentos
dos 400 aviões equipados com mísseis de cruzeiro e em estado de
alerta nas bases na Europa Meridional.
A exemplo dos seus masters norte-americanos, o inefável
Tony Blair - que por acaso continua sem conseguir fazer cumprir
os acordos de paz na Irlanda do Norte - proferiu há dias uma
afirmação de antologia para justificar a entrada da NATO no
Kosovo: «Os acordos políticos não bastam: os Balcãs estão
cheios de acordos que foram assinados mas não foram aplicados».
E são só os Balcãs?