A segunda tentativa...
O desfazer da AD, a demissão de Marcelo
Rebelo de Sousa e a rápida abertura do processo sucessório do
líder do PSD, para além dos pormenores picarescos de que se
revestiu, representa uma fragorosa e antecipada derrota do plano
cuidadosamente elaborado e posto em marcha pelos partidos da
direita para assegurarem o regresso ao poder.
Há quem se impressione e tire o seu chapéu à
"limpeza" com que os responsáveis do PSD se
descartaram, nesta fase, de um aliado que lhes fazia perder
apoios em sectores democráticos da sociedade. E quem se mostre
embevecido perante a capacidade do PSD de trocar de líder e de
táctica eleitoral, com a mesma facilidade de quem muda de
camisa.
Num registo na área das "ciências políticas" não
faltará quem, com realismo, destaque igualmente que a força das
organizações se mede também pela capacidade de exprimirem
publicamente as diferentes opiniões que existem no seu seio,
mantendo em aberto as diversas variantes tácticas, a serem
seguidas de acordo com a sorte das circunstâncias.
Para os que, como os marxistas, estão
familiarizados com os conceitos de estratégia e de táctica, a
operação que o principal partido da direita desencadeou na
última semana comporta, evidentemente, uma leitura muito clara.
Mudança ao nível táctico com a substituição de uma
coligação desacreditada e antecipadamente votada ao fracasso,
por um "novo fôlego" mediático, susceptível de
mobilizar e de alargar a base eleitoral do PSD. Em nome,
exactamente, da mesma política e do rumo estratégico que
inalteravelmente continua a nortear a direita: regressar ao
poder.
Esboroada assim a primeira tentativa da
direita, isto significa que vamos ter agora pela frente a
segunda.
E a continuação do mesmo combate essencial pela afirmação
política e pelo reforço das posições do PCP e da CDU. Edgar
Correia