AMEAÇA
a todos os povos
A agressão dos EUA, sob a capa da NATO, à Jugoslávia, constitui uma perigosa escalada da superpotência hegemónica para impôr pela força das armas a sua "Nova Ordem". O povo jugoslavo (deliberadamente desmembrado desde há anos) é agora a vítima primeira e directa dos bombardeamentos brutais e do que ameaça seguir-se. Mas a ameaça é também dirigida contra os seus próprios parceiros-aliados europeus da NATO, como claro aviso: "quem manda na Europa somos nós, EUA, e vocês têm que obedecer ao que nós decidimos". O aviso vai também para leste, claramente contra a Rússia, já cercada pelo alargamento crescente da NATO: a estratégia da desintegração, que já desmembrou a URSS, pode ser activada para fazer estalar a Federação Russa, se necessário com a intervenção militar "humanitária" do gendarme mundial. E as recentes iniciativas dos EUA para a militarização do Japão e das forças mais reaccionárias de Taiwan, visam a China, mas também a Ásia, incluindo Japão, Coreia, etc.. Já na África os EUA estão agindo há muito, ainda a coberto dos seus fantoches. Na América Latina, os EUA não deixaram de considerá-la como o seu "quintal", e a brutal política contra Cuba, tal como as invasões de Granada, do Panamá, a subversão e massacres na Nicarágua, Salvador, etc., lembram constantemente a toda a América Latina que os USA são aí o boss que não admite contestação. A "Nova Ordem" imperial dos EUA é uma ameaça global a todos os povos do mundo.
As ferozes guerras económicas que os EUA vêm entretanto a agudizar (guerras das bananas, da carne, dos transgénicos, do aço, da aviação, das telecomunicações, da finança, etc.) para refazer o seu domínio económico em decadência e, simultâneamente, suster a crise económica em desenvolvimento, que ameaça fazer implodir os próprios EUA - estão também no pano de fundo da actual ofensiva bélica dos EUA, que, não por acaso, decidiu há meses fazer subir em flecha o seu orçamento militar e retomar o programa da Guerra das estrelas.
A barragem de intoxicação mediática da opinião pública mundial, com os média dominados pelo poder económico e tecnológico dos EUA e a cumplicidade de lacaios às ordens e "intelectuais" sem escrúpulos, foi já mil vezes desmascarada nas suas mentiras, provocações e "alibis" ideológicos. Mas continua a funcionar em grande força, de modo massacrante, para justificar o injustificável e desviar a atenção das questões mais decisivas.
Não há qualquer "acordo" de
Rambouillet: só a delegação jugoslava aceitou os 10
princípios decididos pelo Grupo de Contacto; depois os EUA
cozinharam com os terroristas da UÇK um texto que violava
aqueles 10 princípios e pretenderam impô-lo, sem negociação e
sob a ameaça das bombas, à outra parte. A Jugoslávia estava e
está disposta a negociar um acordo, prevendo larga autonomia
para o Kosovo, no respeito pelo direito internacional, a
soberania e integridade do seu Estado, e os direitos de todas as
minorias étnicas que vivem no Kosovo. São os EUA e os
terroristas da UÇK que o não querem, mas sim a criação de um
Estado étnico "independente", em caminho para
incorporação na Grande Albânia, com a instalação de 30.000
militares da NATO no terreno. Um "protectorado" como
foi imposto à Bósnia, onde o vice-rei Westendorp, forte
doutros 30.000 militares da NATO aí estacionados, se permite
"demitir" o Presidente eleito da República
Sbrska, e o "mediador" americano "decide"
deitar às urtigas o acordo de Dayton e "criar" uma 3ª
entidade em Brcko, cortando em a RS em 2 partes...
De acordo com o Artº 53, parág. 1, da Carta das Nações
Unidas, "nenhuma acção coerciva será levada a cabo em
virtude de acordos regionais ou por organismos regionais [
p.ex.NATO] sem autorização do Conselho de
Segurança" - que iniludivelmente não foi dada e nem sequer
pedida. E o parág. 4 do Artº 2º da Carta da ONU - "os
membros da organização abstêm-se, nas suas relações
internacionais, de recorrer à ameaça ou ao emprego da
força" - tem sido sistematicamente violado. Quem está fora
da lei são os EUA - e os seus parceiros da NATO, que se curvaram
servilmente ao brutal "posso, quero e mando"
yanque.
Por todo o mundo, países e povos se têm manifestado
energicamente contra a agressão à Jugoslávia, por
negociações sérias e sem ameaças. O protesto não vai
parar. É uma questão de vida ou de morte, de paz ou de
guerra. E há-de obrigar governantes, que ignoraram inclusivé os
seus deveres democráticos e interesses nacionais, a demarcar-se
desta descarada agressão e violação do direito e segurança
internacional. Carlos Aboim Inglez