Sobre a nova Comissão Europeia


O Parlamento Europeu aprovou na passada semana uma resolução em que convida o Conselho Europeu a elaborar um calendário razoável e preciso para tratar da designação da nova Comissão Europeia e insta os Estados-Membros a indicarem com toda a urgência os seus candidatos para o lugar de presidente da Comissão e de comissários.
Esta resolução que foi aprovada pela maioria esmagadora do Parlamento (442 votos favoráveis contra 33 contra), mereceu a abstenção dos deputados do PCP que viram nela um recuo nas posições iniciais do PE. Como referiu Joaquim Miranda é «imprescindível que a substituição do colégio de comissários se concretize o mais rapidamente possível, de maneira a retirar as consequências políticas e jurídicas da demissão da Comissão». No entanto, sublinhou este deputado do PCP, «não basta que se mudem as pessoas. É indispensável alterar os métodos; mas é fundamental também alterar políticas», e encontrar as «vias adequadas» para assegurar «um maior e mais eficaz controlo dessa instituição».

Bacalhau

Desde a década de 80 que as autoridades norueguesas controlam deficientemente a origem do bacalhau que aquele país exporta. Segundo refere o deputado do PCP, Honório Novo, numa pergunta à Comissão, os certificados EUR1, necessários à circulação de mercadorias na EU, são emitidos na Noruega sem indicação prévia da origem exacta do produto, a qual só à posteriori é comunicada às instâncias europeias.
Esta situação já motivou uma queixa dos importadores portugueses ao Provedor de Justiça da EU, que alegam estarem a financiar uma situação sistemática e deliberada de dumping por parte dos exportadores de bacalhau norueguês.
De facto, os primeiros importam bacalhau supostamente isento de direitos, ao abrigo do contingente norueguês, e mais tarde, já quando o produto foi vendido ao consumidor, são obrigados a pagar direitos devido ao pescado ter outras proveniências.
Em resposta, a Comissão Europeia recorda que cabe às autoridades dos Estados-membros verificar a mercadoria e o certificado que a acompanha. Por outro lado, refere que em Março de 1993, foi organizada uma missão à Noruega sobre importação de produtos da pesca russos, tendo sido realizados inquéritos que levaram ao início da cobrança de direitos nos Estados-membros, incluindo Portugal. No entanto, se lhe forem fornecidos novos dados concretos, a Comissão compromete-se a empreender novas diligências e a tomar medidas correspondentes.


«Avante!» Nº 1322 - 1.Abril.1999