Norte
Garantir
o desenvolvimento global da região
Uma proposta para um novo modelo de desenvolvimento do Norte foi divulgada, no dia 27 de Março, no debate promovido pela Direcção Inter-Regional do Norte do PCP (e já noticiado pelo nosso jornal), sintetizando as principais linhas programáticas que o PCP defende.
O documento começa
por considerar que o processo de desenvolvimento regional no
Norte é inseparável das políticas nacionais praticadas nos
últimos 20 anos pelos governos e autarquias PSD e PS, assim como
dos «caminhos forçados que estes partidos adoptaram para a
integração da nossa economia na União Europeia e para a Moeda
Única. Questões estas que se colocam em todo o País mas que,
no Norte, se fazem sentir de modo diferente.
A região, arrasta-se há muitas dezenas de anos com profundas
fragilidades, atrasos e vulnerabilidades estruturais que, apesar
de conjunturalmente atenuadas por dinâmicas de mudança e
crescimento», em alguns casos se têm agravado.
Sem negar alguma evolução, progressos e avanços registados que
os fundos estruturais - apesar de insuficientes - permitiram, os
comunistas consideram que o que interessa é saber se a política
de investimentos contribuiu ou não para superar as debilidades
da região. E a realidade, dizem, mostra «que o crescimento
económico não se traduziu em desenvolvimento sustentado»,
«que subsistem atrasos estruturais» e desaproveitamento de
potencialidades e que se mantêm ou agravam os problemas sociais
e os padrões de qualidade de vida das populações.
Os responsáveis políticos apresentam as consequências das suas
opções políticas como «custos inerentes ao progresso
económico» e os índices nominalmente positivos como condição
de uma futura «distribuição mais equitativa dos rendimentos».
Contudo, o essencial da orientação estratégica seguida tem
estado «ao serviço da acumulação e transferência forçada
das mais valias geradas na região e dos seus recursos para o
grande capital financeiro, nacional e internacional».
Esta orientação estratégica, portanto, «não serve» e o
actual modelo de crescimento - respondendo embora a algumas
questões e problemas colocados ao desenvolvimento na região -
é uma solução sem futuro, incapaz de promover, garantir e
sustentar o desenvolvimento global da região».
Valorizar recursos
Não haverá
desenvolvimento real do Norte, prossegue o documento, enquanto o
crescimento e a competitividade económica assentarem
principalmente «na maximização da exploração do trabalho» e
se mantiver uma política de «sucção das mais valias» pelo
capital financeiro e especulativo.
O desenvolvimento da região só é possível com a
participação das populações e com uma política que
dignifique e valorize os recursos humanos e as potencialidades do
património natural, diversifique, protega e valorize a estrutura
produtiva tradicional.
Para isso, é necessária uma nova política de desenvolvimento
que passe do «elogio populista e demagógico» à capacidade de
trabalho do Norte para uma distribuição mais justa dos
rendimentos; que deixe de considerar a riqueza demográfica da
região e a sua forte componente juvenil «como um inesgotável
exército de mão-de-obra barata» e empreenda com coerência o
emprego com direitos, com formação e qualificação adequadas;
que encare a enorme capacidade de trabalho instalada na região
como uma força determinante na criação de mais riqueza e de
bem estar para todos.
Na política que o PCP defende para o Norte, «o labor, a
capacidade de sacrifício, de poupança e de apego à terra»
não podem estar ao serviço da especulação financeira mas,
pelo contrário, devem fazer crescer e fixar o investimento
produtivo e social, para o que é fundamental apoiar a efectiva
modernização tecnológica e científica das empresas e a
criação de reais e transparentes condições de igualdade e
competitividade.
Por fim, os comunistas apontam a necessidade de unir esforços e
coordenar acções com a vizinha Galiza, para a defesa dos
interesses regionais, de cá e de lá do Rio Minho, e o reforço
das relações culturais, económicas e sociais entre a Galiza e
o Norte de Portugal.
É este novo rumo que o PCP apresenta aos homens, mulheres e
jovens do Norte, aos cidadãos de diferentes sensibilidades
políticas e de vários estratos sociais, para um verdadeiro
desenvolvimento regional, considerando, contudo, para a sua
concretização, a exigência de um PCP e de uma CDU mais fortes.