Pescadores do arrasto mantêm
greve e abertura à negociação


Os pescadores de arrasto solicitaram à associação patronal uma reunião para anteontem, numa tentativa de encontrar uma solução para a greve que iniciaram domingo à noite, por tempo indeterminado, e que contou, logo de início, com uma adesão «expressiva». Segundo a Federação dos Sindicatos do Sector da Pesca (CGTP), não saiu para o mar nenhuma embarcação, «seja em Matosinhos, seja em Aveiro, Figueira da Foz, Portimão ou Lisboa».

Numa nota de imprensa que emitiu na segunda-feira, a federação salienta que os trabalhadores da pesca do arrasto costeiro «não podem continuar a ganhar soldadas fixas de miséria, no valor de 25 contos, ou percentagens de pesca que não são alteradas há mais de 30 anos, apesar da constante redução das tripulações». A greve foi decidida como forma de protesto contra a falta de resposta dos armadores, da sua associação (ADAPI) e das empresas às propostas sindicais, apresentadas em Maio do ano passado, e contra a «recusa constante» dos armadores em negociar com a federação da Pesca o contrato colectivo de trabalho do sector.
António José Macedo, do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte, disse à Lusa que a decisão de marcar um encontro para terça-feira com a ADAPI resultou de uma proposta apresentada segunda-feira num plenário em Aveiro (realizaram-se também plenários em Matosinhos, Figueira da Foz, Portimão e Lisboa), onde representantes do Sitmaq e do Sindicato das Pescas de Aveiro (filiados na UGT) apresentaram uma proposta de acordo com o patronato, que «foi esmagadoramente recusada». «Na sequência dessa decisão, foi proposto àqueles sindicalistas usarem as suas boas relações com a associação patronal para marcar um encontro para uma tentativa de negociação conjunta CGTP/UGT/patrões», referiu o sindicalista.
Para ontem, ficou convocado um plenário nacional na Figueira da Foz.
«Até lá, a greve mantém-se e nesse plenário será decidido, de acordo com o que se conseguir na terça-feira, a continuação ou não da paralisação», acrescentou António José Macedo.


«Avante!» Nº 1323 - 8.Abril.1999